Criador do
SBU doa
seu acervo
pessoal à
Unicamp

17/03/2014 - 14:58

Quem colaborou com os primórdios da Unicamp foram pessoas que se dedicaram sobremodo a um ideal. O professor aposentado do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) Ataliba Teixeira de Castilho, por exemplo, foi o nome que implementou a Biblioteca Central (BC)  da Universidade, foi o responsável pela sistematização e integração do Sistema de Bibliotecas (SBU), e pelo Arquivo Central do Sistema de Arquivos (Siarq).



Na manhã desta segunda-feira, mais uma vez ele protagonizou uma iniciativa que certamente marcará a história da Unicamp, ao fazer a doação de parte do seu acervo pessoal à instituição, que soma 1.200 livros e pastas de documentos do Projeto Brasileiro do Português Brasileiro, entregues no mês passado. “O resto virá após a minha morte”, explicou ele naturalmente ao coordenador-geral da Universidade, Alvaro Crósta, que o recebeu na sala do Gabinete juntamente com bibliotecários da instituição que foram convidados para a cerimônia de assinatura do contrato de doação de livros à Biblioteca Central "Cesar Lattes" (BC-CL).




Em seu discurso, o professor Ataliba Castilho, natural de São José do Rio Preto-SP, afirmou que doar a sua biblioteca individual a um órgão como a BC é agregar novos leitores - ideal comum a professores e a bibliotecários.

Ataliba contou como foi o início de sua atuação nessa área, sendo ele um linguista. Em 1982, retornando das Universidades do Texas e de Cornell, Estados Unidos, aonde foi fazer seu pós-doc, veio com a nítida imagem que viu nas universidades norte-americanas, tão ricas e bem-administradas. “Nenhuma daquelas instituições tinha caído do céu”, pensou. “Certamente alguma liderança local lutou para que elas fossem construídas e abastecidas de livros e revistas especializadas”.


Na sua volta, o então reitor da Universidade, professor José Aristodemo Pinotti, o chamou ao seu Gabinete depois de saber que ele havia criticado as bibliotecas da Unicamp, dispersas pelo campus. Pinotti lhe falou: “me apresente uma terapêutica, não outro diagnóstico”, em tom desafiador. Para dar conta do recado, Ataliba foi nomeado diretor do Centro de Informação e Difusão Cultural, o Cidic, cargo que exerceu de 1983 a 1989, centro que também coordenava a BC e outros órgãos. Decidiu que tudo ficaria centralizado na BC, mantendo as bibliotecas seccionais ligadas aos institutos e faculdades. “O SBU, portanto, é anterior a 2003”, constatou. 

Foi o primeiro passo. O Conselho Universitário (Consu) também aprovou o seu próximo desafio, que foi o de criar o prédio da BC com uma fonte de água que jorrava da fachada, simbolizando o fluxo contínuo do saber, em alusão ao sonho de Zeferino Vaz.


Ataliba continuou no Cidic em outras gestões, que apoiaram a nova ideia de sistematização dos arquivos da Unicamp. “Preocupava-me que uma universidade inovadora como a Unicamp não preservasse a sua memória científica”, relatou. Foi desenhado o Siarq e passou a funcionar, coordenado por ele de 1989 a 1994. O Siarq mudou o cenário arquivístico universitário e serviu de referência a outras instituições brasileiras. “A adoção da perspectiva sistêmica tem grande impacto em termos de melhora da recuperação da informação para os gestores”, justificou.


Ataliba elogiou as bibliotecárias da Unicamp. “Todas elas são muito agradáveis”, disse para Valéria dos Santos (coordenadora-associada do SBU), Deise Talarico (bibliotecária do Laboratório de Acessibilidade da BC), Sônia Cyrino (representante da Biblioteca do IEL), Tereza Cristina Carvalho (diretora de Coleções Especiais e Obras Raras), Neire Martins (responsável pelo Siarq) e Regiane Alcântara (diretora da Biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas – IFCH), acompanhadas de Luiz Atílio Vicentini (coordenador do SBU).

Alvaro Crósta reconheceu a gentileza do professor ao fazer essa doação. “O senhor ajudou a construir a Unicamp se dedicando além das suas atividades. Reputo este trabalho da maior importância, pioneirismo e visão. O fruto de seu trabalho continuará existindo. Obrigado pelo empenho em ajudar a nossa instituição”, discursou.


Luiz Vicentini contou aos presentes que o nome de Ataliba sempre esteve na BC e que sem ele não haveria sistematização naquela época. “Estamos recuperando essa história com a doação. A sua biblioteca vai continuar na BC”, comentou.

Neire informou que Ataliba já tinha feito a doação do seu acervo documental, material que foi inclusive trabalhado em uma oficina com os alunos. “É um orgulho tê-lo na Unicamp sempre e trazer esse acervo é uma retomada”, expressou emocionada. Com a palavra Sônia, ela apontou a sua importância para a Linguística e pelo saber acumulado. "Sua biblioteca é inestimável e representa a retomada histórica. Tudo o que vemos hoje de sistematização devemos ao senhor", pontuou.

Valéria frisou que Ataliba foi muito generoso com o SBU, atualmente um órgão que tem alcance nacional e internacional. "A estrutura inicial tomou proporções e agora, somados à USP e à Unesp, a Unicamp é o apoio para as demais universidades", comemorou.

Todos os participantes da cerimônia de doação 

Comentários

PARABÉNS PROF. ATALIBA TEIXEIRA DE CASTILHO!
VOCE MERECE ESSA HOMENAGEM!
ABRAÇOS E BEIJOS DE SUA FILHA!
CLÁUDIA MORAES DE CASTILHO

Email: 
castilho@ime.unicamp.br