O programa Ciência e Arte nas Férias (CAF) da Unicamp, que neste mês de janeiro recebeu 158 estudantes do ensino médio da rede pública de Campinas e região, deve se expandir, chegando a atender a, no mínimo, 200 alunos em 2015, disse a pró-reitora de Pesquisa da universidade, Gláucia Pastore, que participou nesta sexta-feira, 31, da cerimônia de encerramento do CAF de 2014.

No auditório lotado da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), os jovens que tomaram parte no CAF deste ano receberam, em meio a saudações e aplausos, seus certificados. Pais, professores e funcionários, da Unicamp e de escolas participantes, assistiram à cerimônia, que terminou com a exibição de curtas-metragens de animação realizados pelos alunos, e de um vídeo, também com participação de estudantes do CAF, do projeto Ensino de Português como Segunda Língua para Surdos.

A edição do CAF de 2014 foi a décima-segunda, e se estendeu de 8 a 31 de janeiro. No programa, estudantes de ensino médio de escolas públicas, selecionados com base no desempenho escolar, vêm a universidade nas férias para participar de oficinas, atividades em laboratório e de criação artística. “A integração da universidade com a escola pública é um objetivo inadiável”, disse Gláucia ao Portal Unicamp, explicando a meta de ampliação do número de vagas. “As escolas estão muito interessadas, e a filosofia é inserir a universidade no meio da sociedade”.

Ela lembrou que a participação dos alunos do CAF é vista como um prêmio para os estudantes que mais se destacam, e a competição estimula a aplicação nos estudos.

Nos discursos feitos durante a cerimônia,  tanto Gláucia quanto o coordenador-geral e reitor em exercício Alvaro Crósta, e o coordenador do CAF, professor Fernando Coelho, afirmaram que uma das funções do Ciência e Arte nas Férias é mostrar ao estudante de escola pública que a Unicamp não é uma meta inatingível. “A Unicamp está aberta para todos”, disse Coelho. “É a casa de vocês. O programa desmistifica o papel da universidade”.

Crósta, por sua vez disse aos jovens que a universidade espera reencontrá-los no futuro, como alunos dos cursos de graduação e de pós da Unicamp. O mesmo sentimento foi expresso pelo pró-reitor de graduação, Luís Alberto Magna. Depois de saudar os professores das escolas de origem dos alunos, bem como os pais, acrescentou: “Espero vê-los como estudantes na graduação, num futuro próximo”.

“Ele adorou”

Marisa Marques, professora mediadora de conflitos da Escola Estadual Dom Barreto, estava na platéia da cerimônia exercendo uma função dupla, mestra e mãe. Não só a Dom Barreto contou com dois alunos no CAF deste ano, como um deles é filho de Marisa.

“Como professora achei o programa ótimo. Como mãe, ainda melhor”, disse ela. “Meu filho foi ao laboratório de Engenharia Genética, e ele adorou. No laboratório, viu na prática o que estuda, como teoria, na sala de aula. Também vi um amadurecimento dele como pessoa: atividades assim tornam os jovens mais responsáveis, mais focados no que querem”.

Adrielle Martins, da Escola Estadual João Lourenço Rodrigues, é deficiente auditiva. Com a ajuda da intérprete de linguagem de sinais Aryane Santos Nogueira, ela disse ao Portal Unicamp que “gostou muito” do CAF. “Aprendemos muitas coisas, e participamos de oficinas junto com os ouvintes”, explicou.

“Fizemos oficinas de Língua Portuguesa, de estrutura da Língua Portuguesa, e aprendi muitas coisas. Tivemos explicações sobre o cérebro humano, e fizemos arte com massinha de modelar”. Bonecos de massinha foram os protagonistas de vários dos curta-metragens realizados pelos alunos e apresentados, sob aplausos, ao final da cerimônia de encerramento do CAF 2014.