Companhia
premiada
faz do
CIS-Guanabara
a sua casa

20/01/2014 - 15:42

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Keyla Ferrari e Vicente Pironti, da Humaniza

Keyla Ferrari e Vicente Pironti, da Humaniza

Com Odair Marques da Silva, do CIS-Guanabara

Com Odair Marques da Silva, do CIS-Guanabara

Raquel (mãe) e Lívia (filha)

Raquel (mãe) e Lívia (filha)

Raquel Andrade e Rose Longo em performance da Cia de Dança

Raquel Andrade e Rose Longo em performance da Cia de Dança

Cia de Dança Humaniza em Carton Plaza Limeira, apresentando-se para Dedé Santana, padrinho da Humaniza

Cia de Dança Humaniza em Carton Plaza Limeira, apresentando-se para Dedé Santana, padrinho da Humaniza

Bailarinas com Raquel (mãe) e Lívia (filha) no Memorial da América Latina

Bailarinas com Raquel (mãe) e Lívia (filha) no Memorial da América Latina

A Companhia de Dança Humaniza, criada pela pedagoga e bailarina Keyla Ferrari, mestre pela Unicamp, e por seu marido Vicente Pironti, educador e poeta, está entre os grupos selecionados para o Prêmio Ações Inclusivas 2013, promovido pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência. “Há onze anos montei o Centro de Dança Integrado (Cedai) para trabalhar com dança e arte junto a pessoas com e sem deficiência, e que em 2012 recebeu o prêmio Pela Arte se Inclui, da Secretaria de Cultura do Estado. Dali nasceu a Companhia de Dança, que trouxe mais este reconhecimento ao nosso trabalho, pelo segundo ano consecutivo”, conta Keyla.

Vicente Pironti afirma que o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac) da Unicamp, disponibilizando o espaço do CIS-Guanabara (Centro Cultural de Inclusão e Integração Social), vem sendo fundamental para viabilizar as atividades do grupo. “O CIS-Guanabara é o nosso parceiro principal, alavancando o trabalho da gente. É a nossa base, a nossa casa. Estamos tentando trazer toda a nossa rede de realizações para cá.”

De acordo com Keyla Ferrari, as atividades são promovidas sem qualquer patrocínio, nem mesmo governamental, recebendo apenas o apoio de pessoas que torcem pela iniciativa, a exemplo de donos de escolas que contratam a Cia de Dança Humaniza. “O CIS-Guanabara é o melhor espaço que conseguimos para ensaios e apresentações, graças ao professor Paulo Araújo [atual diretor da FEF], meu orientador no mestrado. Antes, pulávamos de um local para outro e fazíamos reuniões inclusive em minha casa.”

Keyla Ferrari trouxe para a Companhia de Dança pessoas que a acompanhavam desde o início no Cedai e que vinham se destacando tanto em termos de maturidade emocional como artisticamente. “O objetivo da Companhia é trabalhar com artistas com e sem deficiência, independente de a limitação ser motora, cognitiva ou sensorial, e também com as mães, que participam dos espetáculos de maneira artística e sensível. Meu desejo era que elas viajassem, dançassem e recebessem cachês como artistas. A meta é realizar pelos menos três espetáculos por mês e que os artistas recebam o suficiente para ensaiar diariamente.”

Segundo a pedagoga, o grupo já fez apresentações para Carlinhos de Jesus em sua casa de dança no Rio de Janeiro, e também para Dedé Santana, que é padrinho da Humaniza. “Um problema está na necessidade de toda uma logística para o deslocamento de vinte integrantes, como carros adaptados e de acessibilidade nos locais de apresentação. Há a questão da disponibilidade, pois uma pessoa com deficiência passa por várias atividades durante o dia, como fisioterapia e fonoaudiologia. E, na viagem, também precisamos trabalhar com o aspecto psicológico, atentando para questões como a ansiedade e a exposição ao público.”

 

Reconhecimento
Para o prêmio Ações Inclusivas 2013 foram indicados 15 projetos pelo governo e 17 pela sociedade civil – entre esses, a Cia. de Dança Humaniza. Vicente Pironti informa que o corpo de baile possui oito integrantes (entre atores, mães e pessoas com deficiência e síndrome de Down) e é o único representante de Campinas na premiação. “Agora se trata de um prêmio mais amplo, envolvendo projetos de Apaes e de organizações importantes de todo o Estado de São Paulo, e não só ligados à arte, mas a outras iniciativas como de esporte e inclusão digital. Obviamente, haverá uma classificação, que ainda não foi divulgada. Mas, para nós, já valeu a pena.”

Keyla Ferrari observa que se trata de um trabalho ainda pequeno e que, no entanto, já obteve chancelas de peso por seu caráter inovador, como do Conselho Internacional de Dança da Unesco. “Esse reconhecimento da Unesco me permitiu uma experiência internacional, em que viajei por cinco anos para dar cursos de dança e formação para educadores. Pude ver o estágio em que estão as atividades artísticas envolvendo pessoas com deficiência no exterior. Em Portugal, montaram coreografias com na base nos vídeos que enviamos; na Itália e na Suíça, havia folders de eventos onde todas as fotos eram do nosso grupo. Agora, vamos lançar um curso para jovens com e sem deficiência, com certificado reconhecido pela Unesco e participantes vindos de Paris, e que será realizado aqui no CIS-Guanabara.”