Livro sobre gestão de ONGs é
lançado em Fórum da Unicamp

08/11/2013 - 11:20

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Psicóloga Vera Raposo do Amaral

Psicóloga Vera Raposo do Amaral

O organizador do livro, Milton Pereira

O organizador do livro, Milton Pereira

Mesa de abertura do Fórum

Mesa de abertura do Fórum

Plateia durante o evento

Plateia durante o evento

Alguns dos autores do livro

Alguns dos autores do livro

Lançamento da obra no Centro de Convenções

Lançamento da obra no Centro de Convenções

Gestão para Organizações não Governamentais (ONGs) é o nome da obra lançada em tarde de autógrafos nesta sexta-feira (8) como parte da programação do Fórum Permanente de Empreendedorismo e Inovação “Desafios da Gestão das Organizações Não Governamentais sem Fins Lucrativos”, com realização da Editora da Unicamp em parceria com o Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS), promovido pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU). Foram publicados três mil exemplares pela Editora Tribo da Ilha, que serão distribuídos aos interessados por meio do GGBS.

Organizado por Milton Pereira, a obra conta com mais de uma dezena de autores, entre eles os consultores do Instituto Fonte Alexandre Randi e Antonio Luiz de Paula e Silva. Eles assinam o artigo “Gestão de organizações da sociedade civil: um olhar sob a ótica do modelo trevo”. Desde 2012, Randi integra o corpo docente do curso de extensão da Unicamp intitulado Gestão para ONGs, que já formou diversos multiplicadores do tema em cinco turmas.

Segundo Milton Pereira, a área acadêmica está se aproximando cada vez mais da realidade vivida no campo social, promovendo estudos e reflexões. Nesse livro são vários autores ligados à Unicamp, que foram convidados a pensarem o que é importante no processo de transformação da sociedade a partir da melhoria da gestão das ONGs. Hoje elas ultrapassam 200 mil iniciativas no Brasil, de acordo com dados do IBGE. Nos Estados Unidos, representam 30% da base da economia do país.

A publicação, comentou o reitor José Tadeu Jorge no prefácio do livro, reflete a missão institucional da Unicamp – de contribuir para a disseminação do conhecimento. “A Universidade espera que atuais e futuros profissionais do Terceiro Setor encontrem aqui fonte importante de referência para seus trabalhos, de modo que possam, a partir da leitura deste livro, levarem as organizações sob sua direção a prestarem melhores serviços e atenderem de forma mais eficiente as demandas da sociedade”, destacou.

Sobrapar
A primeira palestra do II Fórum Permanente de Empreendedorismo e Inovação aconteceu às 10 horas. Vera, que divide com os filhos o sobrenome Raposo do Amaral, nome tradicional em Campinas sobretudo por estar aliado à Sociedade Brasileira de Pesquisa e Assistência para a Reabilitação Craniofacial – a Sobrapar, trata-se de um hospital situado nas dependências da Unicamp. O cirurgião plástico Cássio Raposo faleceu em 2005 e desde então sua esposa Vera está à frente dos negócios. “Sou psicóloga e inesperadamente tive que assumir a gestão da Sobrapar. Foi com dor e com paixão que fizemos isso”, relembrou Vera em uma das salas do Centro de Convenções da Unicamp.

Convidada a falar sobre os desafios da gestão das ONGs sem fins lucrativos, a palestrante soube cativar a plateia com sua simpatia e simplicidade de retórica. “Na primeira reunião com as pessoas envolvidas na direção da Sobrapar, após a morte do Cássio, disse que não entendia de Administração Hospitalar, mas que entendia muito de orçamento doméstico que, em suma, envolve não gastar mais do que se tem. Isso tem norteado o nosso trabalho”, traduziu.

Ela descreveu a Sobrapar a partir de um case que nasceu em 1979 do sonho do seu marido. A primeira sede foi na empresa privada dele, a segunda no antigo Hospital Álvaro Ribeiro, a terceira na Cruzada das Irmãs Católicas e em 1990 na Unicamp. Assim que o marido faleceu, mesmo diante da dor, teve que dar prosseguimento à tarefa. "Mas um milagre aconteceu. Conseguimos uma doação que ajudou a reconstruir o hospital. Vejo que é preciso ter um amor diferente, que nos leva para mais próximo de Deus – um amor inexplicável pela humanidade. Vi que isso tinha que estar em cada pessoa que lá trabalha”, salientou Vera.

Até pouco tempo, conforme ela, as ONGs eram vistas estritamente como filantrópicas. Hoje este hospital do Terceiro Setor busca foco em sua missão de reabilitar pessoas e promover o seu bem-estar. “Tem que ter foco na missão e nas visões para as quais foi criado, não em palavras vazias. A missão é a essência do fazer”, disse ela.

Contudo não é somente isso. É preciso lidar com economia, organização, controles, gestão de pessoas, credibilidade, transparência e sustentabilidade, dentre outros pré-requisitos. “A organização dos documentos, das pessoas, dos espaços deve ser tal que um papel, no meio de múltiplos registros, seja encontrado de olhos fechados", exemplificou.

Outra coisa: é necessário atuar na prevenção do desperdício, desde o lixo comum até os fios cirúrgicos que são desprezados porque o médico falou que não era aquele fio no momento do ato cirúrgico. Com a ajuda de cores, e não de nomes dos fios, hoje um auxiliar de uma cirurgia consegue corresponder à solicitação exata do que foi pedido, notou Vera.

Segundo a gestora, a Sobrapar é uma instituição privada sem fins lucrativos. Não distribui lucros, o que não significa que deva viver no “vermelho”, pois "como recompor o que se destrói e ainda como cumprir às exigências legais?" A instituição, observou, tem que ser saudável e tem que ser de utilidade pública. “Acho que temos conseguido isso com a Sobrapar”, constatou. “Somos contratualizados pelo SUS, que paga 60% das nossas contas e 40% sai do orçamento mensal. Por outro lado, vejo também que até a escassez não é de todo má. A China antiga é um exemplo. Abundância demais não é benéfica. E mais: a escassez pode aguçar ações de criatividade nessas situações”, pontuou.

Comentários

Este é o tipo de notícia bem recebida pelas ONGs.
Atualmente estou presidente da AGAPAN (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural) e dicas sobre este assunto são bem vindas. Administrar voluntarios com poucos recursos é quase uma arte, instruções sobre com faze-la é uma bela noticia.
Alfredo Gui Ferreira _ Presidente AGAPAN