Evolução do esporte paraolímpico
é relembrada durante Fórum CGU

01/11/2013 - 11:36

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Vanilton Senatore

Vanilton Senatore

Público no Centro de Convenções

Público no Centro de Convenções

Professor José Marcos, da CGU

Professor José Marcos, da CGU

Abertura do Fórum Permanente

Abertura do Fórum Permanente

Sempre que a área do esporte adaptado no país é evocada, também é evocado o nome de Vanilton Senatore, assessor técnico da Secretaria de Estado dos Direitos das Pessoas com Deficiência de São Paulo. Ele sempre foi um dos seus grandes incentivadores da área, sobretudo começando pela base da educação escolar. Quarenta e um anos trabalhando com o tema, ele explica a razão dessa opção. “Nunca quis trabalhar em clube ou como técnico, nem em universidades. Sou professor e atuo na escola. Não acredito em nada que não tenha iniciado na escola”, enfatizou o educador, durante palestra ministrada no Fórum de Estudos Avançados em Esporte Adaptado no Centro de Convenções da Unicamp, evento promovido pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) e organizado pela Faculdade de Educação Física (FEF).

Uma das contribuições de Vanilton Senatore foi aceitar o desafio de construir no Brasil o programa Olimpíadas Especiais (OE) em 1985. Formado em Educação Física, com um histórico que o credenciava, ele foi convidado pela Special Olympics. O projeto piloto foi realizado no Distrito Federal, começando em janeiro de 1990, depois de muitas negociações que garantiram a estrutura inicial. Ele também trabalhou no Departamento de Desportos para Pessoas com Deficiência (da Secretaria dos Desportos da Presidência da República) e como coordenador-geral do Desporto Escolar do Comitê Paraolímpico Brasileiro, dentre outras atividades.

A julgar pela extensa lista de trabalhos, nota-se que a sua trajetória não aconteceu da noite para o dia. Quando trabalhava na Escola Celestino de Campos, em Campinas, quis o destino colocá-lo diante de sua primeira aluna com deficiência, Maria Elisa Postal. Ela, uma garota de 11 anos, tinha poliomielite e usava botas especiais. Era 1974. Nem por isso ele a isentou de participar das atividades. Mesmo sem ter muita consciência do que faria no futuro, entendeu que a pessoa com deficiência não era incapaz e precisava expandir o seu potencial.

Quando realizava o último ano de graduação na PUC-Campinas, foi estagiar no Centro de Reabilitação de Piracicaba, que agregava predominantemente pessoas com síndrome de down. Ali passou a ter um contato mais estreito com a deficiência. Depois disso, participou de um evento em Brasília específico para cadeirantes  e envolveu-se com o atletismo.

Veio 1981 e o Ano Internacional da Pessoa com Deficiência, decretado pela ONU. A partir desse marco, a história da pessoa com deficiência, enfatizou o professor, ganhou notoriedade. Até então o que se falava sobre o tema era sobre instituições como as Apaes e a Fundação Pestalozzi.

Senatore lembrou que na década de 1980 foi Sérgio Del Grande que trouxe para o Brasil o primeiro jogo de basquete para cadeirantes. Também disse que esse jogo envolveu os times do Clube Otimismo (RJ) e Clube do Paraplégico (SP). Também recordou que em 1984 o Brasil tinha 20 equipes de pólo aquático nas escolas. Só que os jogos escolares tinham um “porém”. “Deles podiam participar alunos regularmente matriculados, ‘porém’ não os alunos com deficiência.”

Em 1985, começou a ser estudado no currículo do curso de educação física a inclusão da disciplina de educação física adaptada. Em 1986, foi feita a primeira demonstração de atletismo em cadeira de rodas. Três anos depois, a disciplina incorporou-se ao currículo da Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp. Até então havia 109 escolas com educação física no país, mas somente oito falavam da criança com deficiência, sendo três delas escolas militares. A seguir, surgiram as especializações em Batatais e em Uberlândia. "De lá para cá, vieram muitos avanços. Em 1988, em Seul, começaram as paraolimpíadas nos moldes atuais: nos mesmos moldes olímpicos", afirmou.