Inglês dificulta
internacionalização

31/10/2013 - 15:18

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O gestor Waldenor Moraes

O gestor Waldenor Moraes

Mesa de abertura do workshop

Mesa de abertura do workshop

Luis Cortez, titular da Vreri

Luis Cortez, titular da Vreri

A má formação em língua inglesa é um dos principais gargalos para o incremento da internacionalização das universidades brasileiras, afirmou o linguista Waldenor Barros Moraes Filho, docente da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e integrante do núcleo gestor do programa federal Inglês sem Fronteiras. O especialista em estudos e ensino de línguas participou nesta quinta-feira (31) da abertura do Workshop sobre Internacionalização promovido pela Unicamp no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM).

“Não temos ainda um indicador específico sobre essa questão, mas sabemos pelos relatos das universidades membras do programa Ciência sem Fronteiras que esse é o maior problema. Os alunos não falam inglês. Muitas vezes eles acham que falam na graduação, e acabam se acomodando. Portanto, o programa Inglês sem Fronteiras vem tentar suprir esta deficiência comprovada. Dados da própria Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior] indicam que os estudantes que procuram o Ciência sem Fronteiras não têm domínio do inglês”, expõe. 

Durante a abertura do Workshop, organizado pela Vice-Reitoria de Relações Institucionais e Internacionais (Vreri), Waldenor Moraes explicou que o programa Inglês sem fronteiras foi projetado justamente para dar suporte ao Ciência sem Fronteiras. A iniciativa, cujo objetivo é aprimorar a proficiência em língua inglesa dos estudantes universitários brasileiros, teve início a partir de 2013, segundo o gestor federal.

“O problema é sério e deve ser entendido historicamente. Não somos um país plurilíngue, apesar de termos sido na colonização, quando os portugueses encontraram dezenas de línguas sendo faladas aqui. Conseguimos 'pasteurizar' esta diversidade numa língua só e nos tratamos como se fossemos um país monolíngue. Com isso criamos esta cultura. Nem do Espanhol ‘precisamos’”, contextualiza. 

“A escola pública ensina muito genericamente o verbo ‘to be’. E quando este estudante entra na universidade, ela coloca a reponsabilidade na sua mão: ‘você não sabe inglês, então se vire’. E aí o aluno vai se virando. E assim ele sobrevive na graduação, só que quando chega o momento em que precisa produzir, ele se depara com esta realidade. É uma responsabilidade, portanto, do ensino médio, mas a universidade não pode também virar as costas”, critica Waldenor Moraes. 

Organização
Um dos idealizadores do seminário, Luis Augusto Barbosa Cortez, titular da Vreri, disse que a proposta do evento situa-se no sentido de fortalecer a internalização da Unicamp. O tema, segundo Cortez , é de extrema importância para que a comunidade acadêmica da Universidade possa se integrar ao cenário mundial. 

“Há seis meses começou uma nova gestão na Unicamp, com o mandato do reitor José Tadeu Jorge. Está entre os nossos objetivos definir uma estratégia para a internacionalização da Universidade, aqui entendido como um conjunto de ações nos diversos campos do ensino, da pesquisa e da extensão”, ressaltou.

Ainda de acordo com o professor Luis Cortez a iniciativa se propõe a debater os desafios e as perspectivas neste campo. “Seria pretensão já chegarmos a este evento com uma proposta definida. O objetivo, ao contrário, é ouvirmos as diversas experiências brasileiras relacionadas ao tema para que possamos criar subsídios no sentido de desenvolvermos um plano de ação nesta área”, esclareceu. 

Também participaram do Worskhop, os pró-reitores de Graduação, Luís Alberto Magna; de Extensão e Assuntos Comunitários, João Frederico da Costa Azevedo Meyer; a pró-reitora de Desenvolvimento Universitário, Teresa Dib Zambon Atvars; e a assessora da pró-reitoria de Pós-Graduação, Eleonora Cavalcante Albano. Na oportunidade foram apresentadas diversas experiências sobre internacionalização de universidades nacionais e internacionais.

 

Comentários

Da-se por estabelecido que a língua internacional é o inglês, carregando o ônus do aprendizado nos alunos porque não conseguem chegar a utilizar. Nos últimos séculos línguas imperiais como o Português, Latim, e o Francês, deixaram de ser as mais utilizadas, e em uma época de traduções automáticas em notável progresso, com mais cem anos de uma língua internacional dez vezes mais simples, que é o esperanto, deveria-se procurar a democratização idiomática mundial.

Email: 
lunazzi@ifi.unicamp.br