No dia mundial da alimentação, dois levantamentos divulgados recentemente chamam a atenção para o tema no país: ao mesmo tempo em que 51% de toda a população brasileira está obesa, 13,6 milhões de pessoas ainda passam fome no Brasil. Os dados são, respectivamente, da pesquisa Vigitel, que coleta informações para o Ministério da Saúde, e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). 

Instigado a comentar sobre esta disparidade, o coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação (Nepa) da Unicamp, Marcelo Cristianini, é enfático: “A contradição é muito grande.” No Brasil, mais de 50% de tudo o que se planta é desperdiçado na colheita, transporte, armazenamento, processamento e hábitos alimentares. “São 900 milhões de pessoas passando fome em todo o mundo”, contrasta Cristianini. 

Ele promoveu nesta quarta-feira (16) uma mesa-redonda para debater assuntos ligados à alimentação na data instituída pela FAO. O evento também contou com as parcerias da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) e do Ministério Público do Estado de São Paulo. Participaram, além do coordenador do Nepa, o diretor-associado da FEA, Yoon Kil Chang; o titular da Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa (Cocen), Jurandir Zullo Junior; o docente Walter Bélik, do Instituto de Economia; a professora Sônia Maria Bergamasco, da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri); e Patrícia Salles Seguro, do Ministério Público Estadual.

Os debates ocorreram no auditória da FEA. Além do desperdício de alimentos e segurança alimentar e nutricional, também foram abordados assuntos ligados à produção de alimentos em áreas de assentamentos e remanescentes de quilombolas; e a criação da Promotoria de Segurança Alimentar.