Músico e ex-pesquisador do IA
concorre ao Grammy Latino

16/10/2013 - 09:28

Rafael Piccolotto de Lima, músico e ex-pesquisador do Instituto de Artes (IA) Uma homenagem a Tom Jobim rendeu a Rafael Piccolotto de Lima, músico e ex-pesquisador do Instituto de Artes (IA) da Unicamp, a indicação ao Grammy Latino de 2013, considerado um dos prêmios mais importantes da música mundial. Abertura Jobiniana, faixa que integra o disco Bossa Nova Sinfónico, concorre ao prêmio de melhor composição clássica contemporânea. A composição foi gravada e apresentada pela Orquestra Sinfônica Nacional da Costa Rica sob a regência de Jeremy Fox. O resultado será conhecido no dia 21 de novembro em Las Vegas, Estados Unidos. 

O Latin Grammy foi criado em 2000 pela Academia Latina de Artes e Ciências Discográficas (ALACD) dos Estados Unidos. A premiação conta com 48 categorias e recebeu, segundo os organizadores, cerca de 10 mil inscrições. Na mesma categoria de Rafael de Lima, também concorrem o brasileiro Anderson Freire, com A Igreja Vem; a mexicana Gabriela Ortiz, com Elegia; o cubano Leo Brouwer, com String Quartet; e o argentino Carlos Franzetti, com Zingaros.

Outros artistas brasileiros também foram indicados à premiação. Entre eles, Caetano Veloso, que concorre em cinco categorias com o disco Abraçaço: canção do ano; gravação do ano, melhor álbum de compositor, melhor canção brasileira e melhor arte de capa. Também aparecem na lista, Roberto Carlos, Seu Jorge, Elba Ramalho, a banda Skank, Nado Reis, entre outros. (Veja a lista completa dos indicados). 

Por e-mail, o músico e ex-pesquisador da Unicamp comentou a importância da indicação. Atualmente, Rafael Piccolotto de Lima desenvolve doutorado em Jazz Composition na Universidade de Miami, nos Estados Unidos. A biografia e os trabalhos do jovem músico podem ser apreciados em seu website: www.rafaelpdelima.com

Reconhecimento
A importância dessa indicação é o reconhecimento do meu trabalho pela indústria fonográfica e pelos meus pares (músicos, musicólogos e críticos) que fazem parte da comissão julgadora. O Grammy é um dos mais importantes prêmios da música, comparado ao que é o Oscar para o cinema. Estar entre os nomeados significa que, dentre toda produção fonográfica realizada neste ano nas Américas Central e do Sul, o meu trabalho foi selecionado como uma das composições eruditas mais relevantes produzidas.

Uma série de fatos relacionados a esta nomeação me deixa muito honrado. O primeiro é estar concorrendo numa categoria na qual nomes como Leonard Bernstein, Igor Stravinsky e Aaron Copland foram os vencedores no passado. Outro fato é pensar que eu sou provavelmente um dos compositores mais jovem da história a concorrer nesta categoria. 
Este reconhecimento também pode me abrir muitas portas. É muito complicado, principalmente no meio da música orquestral, conseguir espaço para apresentar novos trabalhos. Geralmente, a agenda das orquestras prioriza o repertório padrão (os nomes consagrados do passado) e muito raramente inclui obras de jovens compositores.

Com essa nomeação e o respeito adquirido através dela, as possibilidades de ter encomendas de composições originais e performances de minhas peças aumenta. Atualmente, quatro orquestras consideram incluir a Abertura Jobiniana em seus programas, a OSPB (Orquestra Sinfônica da Paraíba), a Orquestra Nacional da Costa Rica (em reprise do concerto que levou ao prêmio), a Orquestra da Universidade da Florida (FIU) e a OSMC (Orquestra Sinfônica de Campinas). Além disso, a Orquestra da Costa Rica esta planejando um concerto jazz sinfônico com o trompetista Randy Brecker, no qual eu serei o principal arranjador. No final das contas meu maior desejo é ter a chance de continuar produzindo e ter minhas obras apresentadas por músicos de alto nível, como tem acontecido recentemente.

Unicamp
Posso dizer que a Unicamp foi de vital importância na minha formação musical, tanto pelas aulas e formação acadêmica, mas principalmente pela vivência musical proporcionada pelo espaço de trocas que é a universidade; por ter a chance de tocar e colaborar com alguns dos mais promissores jovens músicos do país. Também através desse ambiente de convívio pude, muitas vezes, participar em projetos com professores, dos quais eu ressalto Mario Campos, Rafael do Santos e Zé Alexandre Carvalho. Foi através do Coletivo Orquestral dirigido pelo professor Mario Campos que tive algumas das minhas primeiras músicas mais experimentais tocadas e gravadas. Rafael dos Santos foi ao mesmo tempo meu orientador no trabalho de Iniciação Científica sobre a Big Band Brasileira e colega na Gafieira Camisa Amarela, grupo no qual eu era arranjador e saxofonista. Zé Alexandre era o baixista do meu quarteto, grupo finalista do Prêmio Furnas. Também foi através da Unicamp que tive minha primeira experiência como regente de uma orquestra jazz sinfônica (formada pela Sinfônica da Unicamp em parceria com músicos do Coletivo Orquestral).

Abertura Jobiniana
A composição ‘Abertura Jobiniana’ foi encomendada originalmente para ser uma espécie de medley de Bossas Novas, mas sendo um apreciador do trabalho do Jobim erudito, eu vi nesta ‘abertura’ uma chance de fazer um tributo a este ‘outro Jobim’ que poucos conhecem. O produtor do concerto e do CD, Carlomagno Araya, gostou muito da ideia. Na minha peça eu desenvolvo motivos musicais presentes das peças ‘Brasília, Sinfonia da Alvorada’, ‘Canta, Canta mais’ e ‘Passarim’ do Jobim. Eu incluo também citações como parte da homenagem, algumas delas são bem claras e quase literais, enquanto outras somente os ouvintes mais atentos e conhecedores da obra dele irão perceber.

Comentários

Em 2011, tive o prazer de ouvir Rafael Piccolotto em seu primeiro Concerto de Formatura em Música Popular "Jazz Sinfônico", como regente e compositor, junto à OSU e alunos de prática orquestral. Não me enganei quando escrevi no material de divulgação "...cuja regência será do PROMISSOR músico e compositor Rafael Piccolotto de Lima...".

Essa notícia só veio corroborar o que Rafael já havia demonstrado, ali, no saguão do Ciclo Básico II, mesmo sem todo aparato que um concerto à altura de seu talento merecia. "Esse cara vai longe!". E foi!

Repertório apresentado.

RAFAEL DE LIMA: 1. Casa do Lago. 2. Inconsciente - 3. Palimpsesto - 4. Pelos Ares: Temporal;
JOÃO BOSCO-ALDIR BLANC: Preta-Porter de Tafetá;

DORIVAL CAYMMI - O samba da minha terra/Saudade da Bahia;

LÉA FREIRE: Risco

Parabéns Rafael!

Parabens Rafael,seu talento e inquestionavel,tive o prazer de trabalhar com vc junto a OSU.Muito sucesso