Fórum discute nutrição saudável e impactos
ambientais do atual sistema alimentar

30/08/2013 - 13:17

Evento foi realizado na Faculdade de Ciências Aplicadas, em Limeira (SP)

"Faça do seu garfo uma ação política". Ou seja, alimentar-se também é um ato político. A ideia foi apresentada e debatida durante conferência que integrou a programação do Fórum Permanente de Esporte e Saúde, com o tema "Segurança Alimentar e nutricional: da biodiversidade às políticas públicas". O evento aconteceu na última quinta-feira (29) na Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp, em Limeira.

A conferência "Riscos e Controvérsias no processo de construção do conceito de alimento saudável: o caso da soja" foi apresentada pela professora Elaine de Azevedo, membro do Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo. Nutricionista com doutorado em sociologia política, Azevedo discutiu a influência das dimensões sociais e políticas da ciência na formação do conceito de alimento saudável na sociedade atual. Ela também debateu por que este conceito se modifica ao longo do tempo. 

"A soja, por exemplo, é um alimento saudável pra quem? Hoje, um alimento saudável deve ser considerado aquele que é bom pra mim, pra você, para o agricultor e para o meio ambiente. Como um alimento tão perverso ambientalmente, como a soja, pode ser considerado saudável?", questionou a docente, analisando o processo social de construção das verdades científicas. Tal processo, segundo ela, inclui a relação entre os cientistas, a origem dos financiamentos e o perfil das instituições que promovem a pesquisa, e as razões pelas quais os cientistas elegem determinados temas como tópicos de análises. 

O conceito de que a relação do homem com os nutrientes é uma relação ecológica foi apresentado e discutido por Deborah Helena Markowicz Bastos, docente da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, durante palestra que revelou a importância da conservação e do uso sustentável da biodiversidade para a melhoria da nutrição e do bem-estar humano. Ao longo do dia, ainda foram debatidas questões como os impactos ambientais do consumo de carne bovina e peixe (como o salmão, que tem consumo crescente no Brasil, apesar de ser importado do Chile) e o papel das tecnologias sociais em educação alimentar e nutricional. Houve também discussão sobre assistencialismo e as políticas e programas de segurança alimentar e nutricional. O evento foi organizado por Julicristie Machado de Oliveira, Caroline Dário Capitani, com apoio de Marciane Milanski e Rosângela Maria Neves Bezerra, todas docentes da FCA.