Centro de Memória oferece curso de
preservação de monumentos artísticos

26/08/2013 - 17:19

Maestro Antonio Carlos Gomes, nome rapidamente associado à cidade de Campinas ao ser pronunciado, foi homenageado com um monumento público artístico pelo artista Rodolfo Bernardelli em 1960. Se na época a exuberância da obra alegrou os olhos da cidade, hoje alegra as mãos de vândalos, despreocupados com o valor urbano e educacional do patrimônio público. Em Campinas são mais de 100, lembrando personalidades, datas e eventos importantes. Com o objetivo de promover uma cultura profissional na manutenção correta dessas obras, o Centro de Memória da Unicamp realiza o curso “Profissionalização na Preservação do Patrimônio Cultural” a partir de 14 de setembro. As inscrições para o primeiro módulo encerram-se nesta sexta-feira, 30 de agosto. Do dia 1º ao dia 25 de setembro serão realizadas as inscrições para o módulo 2. Os interessados devem efetuá-las pelo e-mail restauro@unicamp.br. As aulas serão ministradas no Centro de Integração Social (CIS-Guanabara).

Tentativas incorretas de manutenção também podem levar à depreciação do bronze e da pedra nobre utilizados na construção de monumentos como o de Carlos Gomes, de acordo com o professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) Marcos Tognon, um dos coordenadores do curso. Sendo assim, além de oferecer base teórica a gestores públicos responsáveis pela conservação, em seu primeiro módulo, o grupo também oferecerá, aulas práticas a servidores responsáveis pela manutenção de praças e espaços urbanos de municípios da região administrativa de Campinas, no segundo  módulo. Ao todo, foram convidados 90 municípios, entre eles os 19 pertencentes à Região Metropolitana de Campinas (RMC). As aulas acontecerão em três sábados, das 9 às 17 horas.

De acordo com Marcos Tognon, o curso será realizado em três sábados, das 8h30 às 17h30. A oferta abrange 90 municípios da região administrativa de Campinas. 

Durante um levantamento realizado a partir de 2005 por um grupo de estudos para conhecer melhor a gestão de bens culturais em algumas cidades do Estado de São Paulo, foi notória a depreciação progressiva e forte de monumentos. As obras são monitoradas tanto no campo da museologia quanto no de bens móveis e patrimônio artístico.

Parte da depreciação dos monumentos deve-se a fatores como chuva ácida, vandalismo, mas o grupo notou que, pelo lado das prefeituras, o know-how sobre a manutenção desses monumentos é pequeno ou ineficiente, segundo Tognon. “Alguns, como o de Carlos Gomes, passaram por restauros equivocados. Além disso, já teve peças roubadas, serviu de assento para estudantes universitários até ser derrubado e foi pichado. "Em uma tentativa de tirar a pátina, a cor do bronze foi alterada. Pintaram com óleo para escurecer de novo e, como não conseguiram, envolveram em saco preto para lixo.”

De acordo com Tognon, é necessário transmitir aos gestores informações de atividades que podem garantir a longevidade para monumentos sem necessidade de restauro. “Como orienta o lema: melhor conservar que restaurar”. Já para o módulo dos funcionários foram adquiridos equipamentos simples mas adequados para a atividade de limpeza e manutenção das obras. Os recuso foi obtido em edital PEC da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac) da Unicamp. Somados, os equipamentos podem chegar a R$ 8 mil, o que não oneraria tanto os cofres municipais.

Num terceiro módulo, a ocorrer em março de 2014, o grupo convidará jovens interessados em se capacitar na área de limpeza e manutenção de patrimônios. Tognon explica que se não houver política de preservação urgente os monumentos tendem a desaparecer, já que quase todos estão chegando a uma idade centenária, quando ficam suscetíveis a fadiga material. “Até antes da Segunda Guerra Mundial, tínhamos um número grande de monumentos inaugurados, mas nos últimos dez anos o número reduz notoriamente.”

Para Tognon, não adianta ter um patrimônio adequadamente conservado e limpo sem que ele tenha um papel de fato importante para a sociedade, como atividades educacionais e de turismo cultural. “A ideia é pensar numa continuidade do trabalho desenvolvido no curso, estimulando novos gestores a se preocuparem em atuar nas áreas de educação, enviando material para a rede de ensino público; e turismo cultural. O curso pode vir a ajudar na articulação de municípios, por meio dos gestores. Mococa tem três esculturas importantes de Bruno George, que nasceu lá, mas não explora”, exemplifica Tognon.

Para o próximo ano, o grupo pretende lançar uma atualização em homenagem aos 40 anos do catálogo “Campinas em pedra e bronze”, que marcou o bicentenário da cidade, com a publicação de monumentos e placas do município. A publicação de 2014, segundo Tognon, deve mostrar o estado de conservação das obras 40 anos depois. 

Serviço
Curso "Profissionalização na Preservação do Patrimônio Cultural
Módulo 1 (gestores) - 14, 21 e 28 de setembro (inscrições até 30 de agosto)
Módulo 2 (servidores) - Inscrições de 1 a 25 de setembro
Dados para inscrição na página do CMU.