História Antiga ajuda compreender
o presente, diz especialista em Fórum

22/08/2013 - 11:11

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Mesa de abertura do Fórum

Mesa de abertura do Fórum

O professor Glaydson, da Unifesp

O professor Glaydson, da Unifesp

Público no Centro de Convenções

Público no Centro de Convenções

A História como gênero remonta à Antiguidade. De acordo com os padrões literários greco-romanos pertencentes à Antiguidade Clássica, esse gênero era representado pelas epopeias, narrativas compostas em forma de versos. Apesar de chegarem tarde na cena da historiografia, é dos gregos que parte a crítica, que por sua vez, traz a necessidade de registro, ideia de continuidade, rompimento com mitos e limites do conhecimento. Esta abordagem foi feita pelo professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Glaydson Silva durante a palestra “Ciências da Antiguidade: história do conceito mundialmente e presença no Brasil”, ministrada no Fórum Permanente sobre Ensino Superior, realizado no Centro de Convenções da Unicamp nesta quinta-feira (22).

Glaydson salientou que a História passou por quatro grandes momentos: a História como gênero literário, como disciplina, como reflexão em pesquisa e como ensino da disciplina. Segundo ele, a História Antiga figurou em vários países com vistas ao conhecimento de valores e costumes que eram lidos, interpretados e reinventados. As respostas ainda se configuravam um problema, contou.

A partir do século 19, relembrou, o pensamento se desenvolveu como ciência e se institucionalizou. A História Antiga deu sua destacada contribuição. Hoje percebe-se, por meio das pesquisas brasileiras, como essa História contribuiu para os debates hegemônicos. Seu desenvolvimento como disciplina é, inclusive, indissociável da universidade. "A experiência do sistema universitário viu crescer a disciplina de História, mas a História Antiga será sempre vista como instrumento de opressão militar", lamentou ele. "O estigma da área, marcado pelo afastamento intelectual, pode ser entendido como uma sequela do período pós-Ditadura", reforçou.

A História Contemporânea, em sua opinião, permeia hoje mais a formação do que a sua explicação. Tanto que temas e subtemas de livros e artigos sugerem um novo rumo de investigação no país. São empregadas expressões inovadoras como fronteiras, panoramas, encontros, conflitos, recepção, bastante preocupadas com a questão epistemológica.

Embora relativamente recente no panorama historiográfico brasileiro, o estudo da Antiguidade fincou sólidas raízes no meio acadêmico, produzindo pesquisas originais que, não apenas se mostraram em sintonia com a produção internacional, mas conferiram à produção em solo brasileiro um caráter específico e único, expôs Glaydson, em sua fala no Fórum, que foi organizado pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), e promovido pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU).