Avanços para a cura do câncer
rendem premiações à Unicamp

21/08/2013 - 12:21

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Duran e Wagner: reconhecimento

Duran e Wagner: reconhecimento

O professor Nelson Duran

O professor Nelson Duran

Wagner: redução do tumor foi extraordinária

Wagner: redução do tumor foi extraordinária

A professora Sílvia Brandalise

A professora Sílvia Brandalise

As pesquisas em câncer vêm sendo feitas mundialmente para tentar contê-lo. Os trabalhos que dele redundam acabam colaborando para que se chegue cada vez mais perto da cura. O fármaco imunomodulador P-Mapa, por exemplo, um medicamento brasileiro desenvolvido por uma rede de pesquisa sem fins lucrativos, a Farmabrasilis, que detém a patente, demonstrou o efeito desse composto no câncer de bexiga, isso em modelo animal. O resultado foi uma redução do tumor em 90%-95% em comparação à terapia hoje utilizada, que é a vacina BCG (Bacille Calmette-Guérin), a qual apresenta uma redução em torno de 20% a 30%.

Esse trabalho, coordenado pelos professores da Unicamp Wagner José Fávaro (do Instituto de Biologia – IB) e Nelson Duran (do Instituto de Química - IQ), acaba de receber o Prêmio Octávio Frias de Oliveira, em sua quarta edição, na categoria inovação tecnológica. A entrega solene da distinção aconteceu no último dia 5, no auditório do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), na capital. Eles foram contemplados com um diploma, uma placa de honra ao mérito e um cheque no valor de R$ 16 mil, para aplicação em pesquisa.

O prêmio procede do Icesp e conta com o patrocínio do grupo Folha de S. Paulo, em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado. Em todas as edições, esse a iniciativa dá relevo a personalidades ou a pesquisadores ligados à área do câncer. As categorias distinguidas são inovação tecnológica, pesquisa oncológica e personalidade oncológica.

A honraria ainda foi concedida à professora da Unicamp Sílvia Brandalise, como personalidade oncológica, pela dedicação de boa parte de sua vida ao trabalho voltado ao câncer; e ao professor André Vettore, ex-pesquisador do CBMEG da Unicamp [que hoje atua como docente da Unifesp], pela pesquisa oncológica. “Ele promoveu o diagnóstico através da saliva dos pacientes com tumores de cabeça e pescoço. É um olho que vai além do cirurgião e do clínico, conseguindo detectar muito precocemente a progressão tumoral e o próprio tumor”, qualifica Wagner sobre a pesquisa de Vettore.

O intuito do prêmio consiste em reconhecer pesquisadores que geram patentes de produtos ou conhecimento na área de oncologia. Todos os premiados têm alguma ligação com a Unicamp, o que mostra o quanto a Universidade vem se destacando no cenário científico, realça Nelson Duran. “O prêmio na categoria inovação para a nossa Universidade também denota o investimento que as agências de fomento têm empreendido.”

O trabalho com o P-Mapa também envolveu uma parceria com a Universidade do Colorado e com o National Institute of Allergy and Infectious Diseases (Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas), nos Estados Unidos. O fármaco foi testado em tuberculose. De forma inédita, verificou-se que existia uma via comum para tuberculose, doenças infecciosas e câncer. O fármaco age ativando receptores imunes na superfície da célula, os quais desencadeiam uma resposta inflamatória, combatendo o câncer e as doenças infecciosas.

A parceria somente foi possível graças a essa rede de pesquisa que colocou em contato estudiosos brasileiros com pesquisadores americanos, acredita Wagner. O prêmio, inclusive, deu relevo ao efeito do P-Mapa sobre esses receptores imunes no câncer de bexiga de animais. Como esse modelo animal é similar ao que ocorre com humanos, há uma reprodutibilidade, uma aproximação com relação a esse tipo de câncer. “O efeito de redução de 95% foi extraordinário”, comemora ele.

Segundo Duran, o próximo passo é partir para o estudo em seres humanos. Mas ele reconhece que é um processo complexo, que envolve aspectos éticos e um fundo especial de suporte, uma vez que são processos clínicos extremamente caros. “É um trabalho de paciência”, salienta.

Quanto à importância do estudo, Duran pontua que representa um salto enorme em termos de conhecimento. O P-Mapa funciona muito bem em câncer e a sua toxicidade é mínima, devido à particularidade do produto. “Isso é atípico, pois normalmente os fármacos anticâncer são tóxicos ou têm um tempo de uso e rejeição.” 

O P-Mapa é um produto biotecnológico extraído do fungo Aspergillus oryzae por biofermentação, isolado na Farmabrasilis, relata o docente, que é o recordista de patentes da Unicamp. Foram mais de 40 até aqui, informa, obtidas desde a década de 90. 

Até o final do ano, a previsão é a de publicar o mecanismo completo de ação do P-Mapa, com toda a parte imune. “Essa parte foi o começo do mecanismo de ação sobre esses receptores e nós desvendamos os seus caminhos de ativação”, noticia Wagner.

Leia também no Jornal da Unicamp:
As últimas sobre o P-Mapa
A construção social do P-Mapa, um medicamento brasileiro 

Comentários

Parabenizo os três ilustres colegas: Prof. Silvia Brandalise, Prof. Nelson Duran, Prof. Wagner Fávaro.

gostaria de saber qual a previsão para o mercado. tem familiar com câncer e temos necessidade de tratamento.

Email: 
cr.alvarenga@uol.com.br