A ritalina e os riscos de
um 'genocídio do futuro'

05/08/2013 - 16:28

A docente Maria Aparecida Moysés

A docente Maria Aparecida Moysés

Droga também indicada para crianças

Droga também indicada para crianças

Ritalina desapareceu há poucos meses

Ritalina desapareceu há poucos meses

Para uns, ela é uma droga perversa. Para outros, a 'tábua de salvação'. Trata-se da ritalina, o metilfenidato, da família das anfetaminas, prescrita para adultos e crianças portadores de transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Teria o objetivo de melhorar a concentração, diminuir o cansaço e acumular mais informação em menos tempo. Esse fármaco desapareceu das prateleiras brasileiras há poucos meses (e já começou a voltar), trazendo instabilidade principalmente aos pais, pela incerteza do consumo pelos filhos. Ocorre que essa droga pode trazer dependência química, pois tem o mesmo mecanismo de ação da cocaína, sendo classificada pela Drug Enforcement Administration como um narcótico. No caso de consumo pela criança, que tem seu organismo ainda em fase de formação, a ritalina vem sendo indicada de maneira indiscriminada, sem o devido rigor no diagnóstico. Tanto que, no momento, o país se desponta na segunda posição mundial de consumo da droga, figurando apenas atrás dos Estados Unidos. Como acontece com boa parte dos medicamentos da família das anfetaminas, a ritalina 'chafurda' a ilegalidade, com jovens procurando a euforia química e o emagrecimento sem dispor de receita médica. Fala-se muito que, se não fizer o tratamento com a ritalina, o paciente se tornará um delinquente. "Mas nenhum dado permite dizer isso. Então não tem comprovação de que funciona. Ao contrário: não funciona", critica a pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, professora titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. “A gente corre o risco de fazer um genocídio do futuro. Mais vale a orientação familiar”, encoraja a pediatra, que concedeu entrevista, a seguir, ao Portal Unicamp

Portal Unicamp – Há pouco tempo, faltou distribuição de ritalina no mercado brasileiro. Como essa lacuna foi sentida?
Cida Moysés – Não sabemos verdadeiramente o motivo de faltar o medicamento, mas isso criou uma instabilidade nas pessoas. As famílias ficaram muito preocupadas e entraram em pânico, com medo de que os filhos ficassem sem esse fornecimento. Isso foi sentido de um modo muito mais intenso do que com outros medicamentos que de fato demonstram que sua interrupção seria mais complicada que a ritalina. São os casos dos medicamentos para diabetes ou hipertensão. Apesar de não conhecermos a razão dessa falta do medicamento, sabemos das estratégias de mercado para outros produtos como o açúcar e o café que faltam no supermercado e, por isso, também para os medicamentos que faltam na farmácia. Quando somem das prateleiras, eles criam angústia. No entanto, em geral, retornam mais tarde. E mais caros, é óbvio.

Portal Unicamp – O que é a ritalina? Como ela age?
Cida Moysés – A ritalina, assim como o concerta (que tem a mesma substância da ritalina – o metilfenidato, é um estimulante do sistema nervoso central - SNC), tem o mesmo mecanismo de ação das anfetaminas e da cocaína, bem como de qualquer outro estimulante. Ela aumenta a concentração de dopaminas (neurotransmissor associado ao prazer) nas sinapses, mas não em níveis fisiológicos. É certo que os prazeres da vida também fazem elevar um pouco a dopamina, porém durante um pequeno período de tempo. Contudo, o metilfenidato aumenta muito mais. Assim, os prazeres da vida não conseguem competir com essa elevação. A única coisa que dá prazer, que acalma, é mais um outro comprimido de metilfenidato, de anfetamina. Esse é o mecanismo clássico da dependência química. É também o que faz a cocaína.

Portal Unicamp – Quando a ritalina é indicada?
Cida Moysés – Para quem indica, é nos casos com diagnóstico de TDAH. Eu não indico. Para esses médicos, entendo que é necessário traçar uma relação custo-benefício: quanto ganho com esse tratamento em termos de vantagens e de desvantagens. Sabe-se que é uma droga que possui inúmeras reações adversas, como qualquer droga psicoativa. Considero extremamente complicado usar uma droga com essas reações para melhorar o comportamento de uma criança. Qual é o preço disso?

Portal Unicamp – Quais são os sintomas principais?
Cida Moysés – As reações adversas estão em todo o organismo e, no sistema nervoso central então, são inúmeras. Isso é mencionado em qualquer livro de Farmacologia. A lista de sintomas é enorme. Se a criança já desenvolveu dependência química, ela pode enfrentar a crise de abstinência. Também pode apresentar surtos de insônia, sonolência, piora na atenção e na cognição, surtos psicóticos, alucinações e correm o risco de cometer até o suicídio. São dados registrados no Food and Drug Administration (FDA). São relatos espontâneos feitos por médicos. Não é algo desprezível. Além disso, aparecem outros sintomas como cefaleia, tontura e efeito zombie like, em que a pessoa fica quimicamente contida em si mesma.

Portal Unicamp – Não é pouca coisa...
Cida Moysés – Ocorre que isso não é efeito terapêutico. É reação adversa, sinal de toxicidade. Além disso, no sistema cardiovascular é possível ter hipertensão, taquicardia, arritmia e até parada cardíaca. No sistema gastrointestinal, quem já tomou remédio para emagrecer conhece bem essas reações: boca seca, falta de apetite, dor no estômago. A droga interfere em todo o sistema endócrino, que interfere na hipófise. Altera a secreção de hormônios sexuais e diminui a secreção do hormônio de crescimento. Logo, as crianças ficam mais baixas e também essa droga age no peso. Verificando tudo isso, a relação de custo-benefício não vale a pena. Não indico metilfenidato para as crianças. Se não indico para um neto, uma criança da família, não indico para uma outra criança.

Portal Unicamp – Criança não comportada é um problema social?
Cida Moysés – Está se tornando. E não vai se resolver colocando um diagnóstico de uma doença neurológica ou neuropsiquiátrica e administrando um psicotrópico para uma criança.

Portal Unicamp – Qual seria o tratamento então?
Cida Moysés – Um levantamento de 2011, publicado pelo equivalente ao Ministério da Saúde nos Estados Unidos, envolve uma pesquisa feita pelo Centro de Medicina baseado em Evidências da Universidade de McMaster, no Canadá, que analisou todas as publicações de 1980 a 2010 sobre o tratamento de TDAH. O primeiro dado interessante foi que, dos dez mil trabalhos que provaram que o metilfenidato funciona, é seguro, apenas 12 foram considerados publicações científicas. Todo o resto foi descartado por não preencher os critérios de cientificidade. Esse é um aspecto muito importante. Dos 12 trabalhos restantes, o que eles encontraram foi que a orientação familiar tem alta evidência de bons resultados, e o medicamento tem baixa evidência. Isso não quer dizer que a família seja culpada. É preciso orientá-la como lidar com essa criança. Além disso, os dados dessa pesquisa sobre rendimento escolar foram inconclusivos, assim como não há nenhum dado que permita dizer que melhora o prognóstico em longo prazo. Fala-se muito que, se a criança não for tratada, vai se tornar uma dependente química ou delinquente. Nenhum dado permite dizer isso. Então não tem comprovação de que funciona. Ao contrário: não funciona. E o que está acontecendo é que o diagnóstico de TDAH está sendo feito em uma porcentagem muito grande de crianças, de forma indiscriminada.

Portal Unicamp – Dê um exemplo.
Cida Moysés – Quando se fala em 5% a 10% de pessoas com determinado problema, o conhecimento médico exige que se assuma que isso é um produto social, e não uma doença inata, neurológica, como seria o TDAH, e muito menos genética. Não dá para pensar em porcentagens. Em Medicina, sobre doenças desse tipo fala-se em 1 para 100 mil ou em 1 para 1 milhão. Então, é algo socialmente que vem se produzindo. Quando digo isso, de novo, não estou dizendo que a família é a culpada. Pelo contrário, é um modo de viver que estamos produzindo.

Portal Unicamp – Quem está sendo medicado?
Cida Moysés – São as crianças questionadoras (que não se submetem facilmente às regras) e aquelas que sonham, têm fantasias, utopias e que ‘viajam’. Com isso, o que está se abortando? São os questionamentos e as utopias. Só vivemos hoje num mundo diferente de 1.000 anos atrás porque muita gente questionou, sonhou e lutou por um mundo diferente e pelas utopias. Quando impedimos isso quimicamente, segundo a frase de um psiquiatra uruguaio, “a gente corre o risco de estar fazendo um genocídio do futuro”.  Estamos dificultando, senão impedindo, a construção de futuros diferentes e mundos diferentes. E isso é terrível.

Portal Unicamp – Na França, o TDAH é praticamente zero. A que se deve isso?
Cida Moysés – Isso se deve a valores culturais, fundamentalmente.

Portal Unicamp – Isso em países desenvolvidos?
Cida Moysés – Não necessariamente. Ninguém pode dizer que os EUA não sejam desenvolvidos. Não obstante, o país é o primeiro grande consumidor mundial da ritalina, da onde irradia tudo. O Brasil vem logo em seguida, como segundo consumidor mundial. Ao contrário do que se propaga, de que a taxa de prevalência é a mesma em todos os lugares, isso não é verdade. Varia de 0,1% a 20%, conforme o estudo da Universidade McMaster do Canadá. Varia de acordo com valores culturais, região geográfica, época e conforme o profissional que está avaliando. Há trabalhos que mostram, por exemplo, que médicas diagnosticam mais TDAH em meninos e que médicos mais em meninas, provavelmente por uma falta de identificação. Alguns trabalhos mostram que crianças pobres têm mais chances de receber o diagnóstico. Estamos falando de uma Era dos Transtornos – uma epidemia dos diagnósticos. A França tem uma resistência muito grande a isso por uma questão de formação de médicos, de valores da sociedade. Lá eles têm um movimento muito grande desencadeado por médicos, muitos deles psiquiatras, que se chama collectif pas de 0 de conduite. Esse movimento surgiu como reação à lei que propunha avaliar o comportamento de todas as crianças até três anos de idade. Era um modelo que pegava especificamente pobres e imigrantes. O movimento conseguiu derrubar tal lei.

Portal Unicamp – Existe no Brasil alternativa diferente da medicalização, da visão organicista?
Cida Moysés – Temos uma articulação mais recente que é o Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, o qual eu e o Departamento de Pediatria da FCM-Unicamp integramos. O nosso Departamento é o seu membro fundador, tendo mais de 40 entidades acadêmicas profissionais e mais de 3.000 pessoas físicas no Brasil, que estão buscando difundir as críticas que existem na literatura científica sobre isso. Além do mais, procuramos construir outros modos de acolher e de atender as necessidades das famílias dos jovens que vivenciam e sofrem com esses processos de medicalização. Em novembro, a Unicamp promoverá um Fórum Permanente sobre Medicalização da Vida, que irá abordar essas questões de medicalização e de patologização da vida. Todos estão convidados.

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Comentários

O trabalho da pesquisadora da Unicamp, Cida Moisés, sobre os efeitos da ritalina, entre eles, privar a sociedade de gerações que criem um mundo diferente e novo, no mínimo, preocupa. Pois a droga, pelo que entendi ao ler a entrevista, torna as crianças verdadeiros zumbis, afeta o desenvolvimento e destrói a possibilidade de criar um ser diferenciado, que busque a felicidade, sabendo conviver conflitos do dia a dia. Ela diz que a droga não faz outra coisa senão dopar quem dela se serve, e tem o mesmo efeito da cocaína, segundo entendi. E há uma pedaço de frase inquietante na entrevista, falando justamente desta drogadição imposta por médicos a pedido, muitas vezes de pais preocupados de que seus filhos se transformem em deliquentes. Antes de drogar, a pesquisadora alerta que a causa desta imperatividade estaria na "modo de viver que estamos produzindo". Aliás, este modo não tem interessado a estes pequenos seres, não do ponto de vista questionador, muito próprio em crianças. E que estes questionamentos precisam ser preservados, ao contrário de pais que preferem viver na zona de conforto drogando seus filhos, orientados por médicos que não balizam seu conhecimento nos experimentos sobre o assunto. Imagine, de 10.000 trabalhos feito sobre a ritalina, apenas 12 trabalhos deste total puderam ser levados a sérios, detalhe estarrecedor, estes últimos não são conclusivos. Queria parabenizar Cida Moisés, como cidadão, agradeço pelo bom uso do dinheiro público e pela defesa da infância. Ah, agradeço também, pela defesa de um futuro.

Email: 
redacao@folhametropole.com.br

Concordo quanto ao uso "indiscriminado" da ritalina, mas como uma paciente diagnosticada na fase adulta da vida, digo que para quem realmente tem o ADHD, a ritalina funciona. Aliás, a ritalina funcionou para mim, mas outros medicamentos mais modernos, incluindo a ritalina de longa duração não funcionaram.
Eu não tive problemas com o uso da ritalina, e muito menos emagreci. Continuo fofa como sempre!
Fui diagnosticada aos 40 anos de idade e hoje, aos 58, estou cursando o mestrado – Mdiv no Andover Newton Theological School em Boston, Massachusetts. Não tomo a ritalina as 3 vezes por dia como indicado, mas só pela manhã e quando tenho classes ou trabalhos para fazer que requeiram muita concentração.
Vocês falam da Ritalina e do TDAH como se fosse uma coisa só de criança. Bem, o diagnostico é feito com questionamento de sua vida desde a infância, mas adultos também são diagnosticados com TDAH e também se tratam. E eu sou uma prova de que o tratamento funciona!
Meu filho optou por não usar a "Rita" e eu acolhi sua escolha, mas para mim, o melhor foi abraçá-la pois ela me dá as condições de vencer barreiras que jamais venceria sem o poder de concentração necessário.
Sempre pensei que fosse burra porque não conseguia ler livros por falta de concentração e no entanto passei com "A" num curso de Redação Acadêmica e Leitura Crítica na Havard University após ter iniciado meu tratamento com a ritalina. Pensava que fosse a mulher mais relaxada e desorganizada do mundo, mas descobri que isso fazia parte do meu TDAH e esse diagnostico mudou a minha visão e estratégia de vida também. Sou conhecida por não parar de falar, mas hoje tenho obtido controle do meu falar e do meu calar e isso é precioso! Sei que existem outros adultos com TDAH e isso não é ruim nem é uma “doença”. Eu nem gosto do nome “transtorno”, pra falar a verdade, porque eu sou orgulhosa de ser uma pessoa com ADHD! Como vocês dizem, somos questionadores, inteligentíssimos (e não burros), criativos, talentosos e verdadeiros. E eu descobri que tenho valores que eu não via como valores pois meu agir, fora da “normalidade”, os escondiam de mim mesma!
Por ultimo, a "Rita" não me faz andar feito um zombie ou altera meu bom humor ou meu estado de espírito. Eu continuo a mesma pessoa alegre de sempre, só que penso uma coisa por vez e não um emaranhado de pensamentos como antes, e também consigo levar à cabo todas as minhas tarefas e com sucesso! Podem perguntar ao pessoal do Caism, fui tradutora de artigos médicos lá e não creio ter deixado a desejar no tocante a realização do meu trabalho!
Conhecer o TDAH foi, como dizem por aqui, “liberating”!
Muito obrigada pelo seu trabalho e, por favor, pesquisem sobre "Adultos com TDAH" porque há uma necessidade grande de ajuda nesta área. E podem contar comigo, se precisar.
Um beijo grande no coração e, que Deus os abençoe muito!

Karla Dias
MDiv Senior Student @ Andover Newton Theol. School
Intern Chaplain at Brigham & Women's Hospital (Starting September 2013)

Email: 
jrkdias@aol.com

Gostaria que avisassem ao Edson Pereira Filho do comentario acima que "imperatividade" é diferente de "hiperatividade" e que o TDAH refere-se à "hiperatividade". "Imperatividade" é um outro problema que certamente gostaríamos de ver tratado aqui!

Muito bom a pesquisa sobre esse medicamento, meu filho esta passando por esse tratamento mais ainda nao tomou esse medicamento e depois desse relato provavelmente não tomara. Gostaria de saber sobre o tratamento e pesquisa feita na Unicamp sobre esse assunto, onde posso entrar em contato para mais informações .
obrigado

Email: 
felipeberner@gmail.com

Muito boa a matéria e o ponto de vista. Apenas quem já analisou isto de fora sabe como os psicotrópicos, assim como as doenças, em geral são vulgarizadas sendo diagnosticadas brevemente... as vezes na primeira consulta! Além disto, analisar a mudança que ocorre na pessoa em decorrencia de tais medicamentos só me deixa menos a favor destes. A criação de uma sociedade cinza e apática não me deixa muito feliz.
Parabéns pela pesquisa, Cida Moysés.

Achei muito interessante esta notícia, meu filho tem o diagnóstico de TDAH, ele iniciou o tratamento com Concerta, mas eu suspendi por temer os efeitos colaterais, ele é uma criança normal, um excelente aluno, só um pouco distraído.... Quando ele foi diagnosticado com TDAH, eu percebi certas semelhanças entre nós que me levaram a crer que também tenho TDAH, então comprei um livro "Mentes Inquietas", nele vi a minha vida sendo retratada, literalmente uma autobiografia. Bom a história do meu filho está em construção, a minha eu estou construindo, mas ter TDAH, não me impediu de fazer graduação, mestrado e agora estou no doutorado....Conclusão não são o uso de medicamentos que vai determinar a felicidade das pessoas....

Fui diagnosticada com TDAH, assim como alguns leitores, depois dos 40, fiz uso do concerta por meio ano e me senti muito bem, voltei a dormir a noite e produzir durante o dia, não esquecer objetos nos lugares onde ia. Antes de tomar esquecia tudo nos lugares onde ia inclusive meu filho na escola. Infelizmente a médica que fez o diagnostico abandonou meu tratamento e disse que se eu quisesse continuar teria que procurar outro médico. Não continuei pq não queria começar tudo novamente com outro médico. Hoje tenho estratégias para driblar o problema, iniciei o curso de Psicologia na faculdade, tenho muito trabalho com isso, dificuldades para ler textos e fazer provas e as notas não são tão boas quanto eu gostaria mas vou seguindo em frente para tentar acabar o curso.

Levem em conta o depoimento da Karla Dias e continuem pensando essa questão com seriedade.

Abraços.

Email: 
humbertocosentine@ig.com.br

Dá vontade de chorar por saber o qto essas crianças sofrem! Mais ética, humanidade e compreensão, é o q sociedade precisa! Há outras formas de amenizar as angustias q não seja pela (hiper)medicalização/drogadição, mas dá trabalho, exige tempo, dedicação, cuidado e amor. Longe de eu estar atribuindo a culpa aos pais, mas sabemos o qto nos toma tempo e paciência para formar um filho em todas as dimensões pq não se nasce gente - se aprende a ser, pois para além do biológico, somos socioculturais... Vivemos um tempo em que falta tempo, por isso, a precipitação leva a condutas como essa: escola (encaminhando), pais (encaminhando) e os médicos (acolhendo) as dificuldades da crianças e 'resolvendo' com medicações que a longo prazo tem o potencial de destruir psiquicamente seus pacientes... Concordo sim, que as crianças mais questionadoras, ainda que não saibam organizar seus pensamentos para dizer o quanto a escola é desinteressante, a família muitas vezes ausentes (por vários motivos, desde a busca pela sobrevivência à falta de amor) tornam suas vidas sem prazer e alegria. Não se sentir incluído e valorizado - talvez esteja aí a raiz do problema... e como as crianças são pura ação, correm, correm (literal/metaforicamente) em busca de algo, talvez na busca do encontro... daí são taxados de hiperativos, desatentos ou a mais nova nomenclatura/rótulo: transtorno desafiador!! ((gente, eu me morro de pena!! q adultos serão já desde cedo usando drogas como a Ritalina???

Email: 
regina.ufrj@hotmail.com

(complementando) ...Há muito que se pensar p além da culpabilização, mas no sentido de chamamento para as responsabilidades... inclusive a escola. (Parabéns por (se)expor, Drª. Cida Moysés, pois mexer nesse vespeiro do capitalismo, ainda mais em se tratando de laboratórios é preciso além de ética, coragem!!

Email: 
regina.ufrj@hotmail.com