Exposição revela o brilhantismo
do cientista alemão Fritz Müller

23/07/2013 - 16:56

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Busto de Fritz Müller exposto na Casa do Lago

Busto de Fritz Müller exposto na Casa do Lago

Painéis contam a trajetória pessoal e científica do biólogo alemão

Painéis contam a trajetória pessoal e científica do biólogo alemão

O professor Christian Westerkamp

O professor Christian Westerkamp

As diversas facetas do cientista alemão - naturalizado brasileiro - Fritz Müller podem ser conhecidas na exposição intitulada Fritz Müller – O Príncipe dos Observadores, que será encerrada nesta quarta-feira (24) na Casa do Lago, na Unicamp. A mostra, organizada pelo Instituto Martius-Staden, resgata a memória de um personagem fundamental para a história da ciência no Brasil.

Composta por painéis, a exposição conta a história de Fritz Müller desde o período em que morava na Alemanha, onde estudou matemática e medicina, até a sua mudança e trajetória no Brasil. Aqui, ele se instalou em Santa Catarina, no longínquo século 19. No Estado, deu início às suas pesquisas, tendo como método científico a observação e como objeto de estudo as espécies da Mata Atlântica.

“Fritz Müller foi um homem brilhante. Sem qualquer recurso, ele estudou e interpretou os fenômenos da natureza sem fazer qualquer coleta. Ele preferia estudar os seres vivos no seu próprio ambiente”, explica o professor Christian Westerkamp, que é alemão, mas reside no Brasil. Docente na Universidade Federal do Cariri, ele acaba de lançar o livro Fritz und Hermann Müller, que traz textos em alemão, mas conta com resumos expandidos dos capítulos em português.

Convidado para assessorar a exposição pelo programa de Pós-Graduação em Ecologia da Unicamp, Christian Westerkamp destaca que vários dos experimentos realizados por Fritz Müller corroboraram as teorias do naturalista britânico Charles Darwin. “Mesmo sendo um homem humilde e refratário à fama, ele teve 22 artigos publicados na Nature. Embora os textos não tenham sido redigidos originariamente com esse objetivo – constavam de cartas que ele enviou a familiares e amigos -, os destinatários os submeteram à revista”, conta.

Entusiasmado com a figura e com o legado deixado pelo seu compatriota, Christian Westerkamp assinala que Fritz Müller fundou as bases da biologia no Brasil, além de ter colaborado para divulgar as suas descobertas ao público leigo. “Fritz sempre se preocupou em entender a natureza e não em ficar famoso. Esta é uma das razões de o Brasil ainda desconhecer esse fantástico cientista”, considera o professor da Universidade Federal do Cariri, que bancou com os próprios recursos um busto de Fritz Müller, que também pode ser observado na exposição.

De acordo com André Rodrigo Rech, estudante de pós-graduação em Biologia da Unicamp, a mostra Fritz Müller – O Príncipe dos Observadores pode ser visitada até às 17h desta quarta-feira. Depois, ela deverá ser transferida para outra instituição, ainda a ser definida. A exposição veio para a Unicamp sob os cuidados da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac), Biofórum, Programa de Pós-Graduação em Ecologia e XI Congresso Aberto aos Estudantes de Biologia (CAEB), que prosseguirá até a sexta-feira, também na Universidade.