Novo diretor do Museu de Ciências quer
atrair o público em geral, além de estudantes

02/07/2013 - 16:38

Ernesto Kemp (esq) na praça Tempo & Espaço

Apesar do pouco tempo na direção do Museu Exploratório de Ciências da Unicamp, Ernesto Kemp, docente do Instituto de Física, afirma que já está revendo seus conceitos sobre as funções que esta categoria de museu deve exercer. “Tradicionalmente, concebemos esses museus como locais de exibição de peças contando a história e a evolução da ciência e tecnologia. Esse conceito mudou bastante nos últimos anos. Uma coisa que aprendi é que museu vem de musa, ou seja, de inspiração. Pela nova abordagem, devemos ter atividades de divulgação científica cada vez mais eficientes para atingir o público não especializado.”

Ernesto Kemp adianta que uma das principais metas da sua gestão é expandir a visibilidade do Museu de Ciências junto à população de Campinas e região, inclusive por estarmos em um polo de produção de ciência e tecnologia que já se consolidou como referência nacional. “Entretanto, tem gente da própria Unicamp que desconhece o museu. Por coincidência, quando começamos planejar as ações para aumentar essa visibilidade, fomos procurados pela Prefeitura de Campinas, interessada numa parceria para agregar nossas atividades aos seus eventos culturais.”

Uma boa ideia em negociação, segundo Ernesto Kemp, é incluir na pauta da cidade o “turismo científico e tecnológico”, com o Museu de Ciências da Unicamp no roteiro. “A nova gestão municipal está bastante preocupada em solidificar a imagem de Campinas como referência em C&T. É uma via de mão dupla: obviamente, se a Prefeitura quiser organizar atividades no espaço do Museu, será muito benvinda. Essas atividades também não precisam estar necessariamente ligadas às nossas. Gostaríamos que as pessoas viessem para conhecer e curtir o espaço, adotando-o como opção de lazer”.

Na opinião do diretor, uma das linhas de ação para aproximar não apenas alunos da rede de ensino, como a comunidade em geral do Museu, é desmistificar a ciência como atividade exclusiva de grandes especialistas fechados em laboratórios. “A ciência está à nossa volta o tempo inteiro, lidamos com ela no nosso dia a dia. Uma coisa bacana no método científico é justamente a de despertar o pensamento crítico, ao invés de simplesmente observar e aceitar determinados fatos como imposições da natureza: trata-se de observar, refletir, tirar conclusões, construir um modelo e comprovar esse modelo a partir das observações que se fez. A ideia é traduzir o método científico para o cotidiano das pessoas, despertando essa consciência crítica.”

Público escolar
Um dos destaques do Museu de Ciências é a Oficina Desafio, uma oficina itinerante instalada em um caminhão equipado com diversas ferramentas e materiais, que já percorreu inúmeras escolas e regiões do país. Monitores treinados lançam um pequeno desafio relacionado com problemas reais e os participantes têm um prazo de quatro horas para apresentar uma solução simples e inovadora. Como desdobramento deste programa, surgiu o Grande Desafio, evento anual que reúne centenas de estudantes envolvidos na resolução de um único desafio.

Outro programa bem conhecido dos alunos da rede de ensino é a Nanoaventura, um convite à exploração do mundo nanoscópico por meio de imagens, músicas e simulações de modo lúdico e descontraído. Extrapolando as áreas de exatas e da natureza, o Museu organizou ainda a Olimpíada Nacional em História do Brasil, que tem como meta lidar com heterogêneos, integrando as cinco regiões brasileiras na discussão de grandes eixos temáticos como cidadania, trabalho, colonização, sociedade, urbanização, territorialidade e industrialização. A Olimpíada agora ficará a cargo do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH).

Considerando todos os projetos desenvolvidos, o Museu Exploratório de Ciências já recebeu mais de 80 mil visitas. A expectativa é de ao menos triplicar esse número com a construção da nova sede, a partir de projeto arquitetônico escolhido por meio de um concurso internacional de arquitetura envolvendo mais de 170 equipes de 21 países.

Em relação às instalações físicas, Ernesto Kemp observa que o público já conta com a praça Tempo & Espaço, onde se tem uma bela e ampla visão da região, além de equipamentos utilizados pelo homem para controlar o tempo e o espaço. “Hoje atendemos basicamente o público escolar. O projeto do novo prédio é muito interessante do ponto de vista estético, integrado à topologia local, e vai permitir abrigar um acervo permanente e oferecer um espaço de convívio. Meu sonho é que todas as pessoas venham ao Museu de Ciências não só para aprender ciência e tecnologia, mas por ser um espaço agradável, uma opção de lazer e cultura.”