Heloisa Reis fala sobre
megaeventos esportivos

11/06/2013 - 17:59

/
A professora Heloisa Reis

A professora Heloisa Reis

Público presente ao evento

Público presente ao evento

Ao se analisar os eventuais legados que a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e as Olimpíadas podem deixar para o Brasil, é preciso considerar que estes podem ser tanto positivos quanto negativos. A advertência foi feita na tarde desta terça-feira (11) pela professora Heloisa Reis, da Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp, durante o Pré-Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, realizado na Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), em Limeira. De acordo com a docente, especializada nos temas violência associada ao esporte e segurança no esporte, as avaliações realizadas nos países que sediaram essas competições indicam que elas invariavelmente proporcionaram ganhos muito aquém dos projetados pelos respectivos governos.

Em sua conferência, Heloisa Reis lembrou que, assim como outros países, o Brasil somente terá condições de avaliar os possíveis legados deixados pelos megaeventos esportivos depois de alguns anos. “A questão do turismo é clara nesse sentido. Até aqui, existe muita incerteza se a Copa e as Olimpíadas vão de fato atrair novos turistas para o país depois das competições”. Em termos de avanços na infra-estrutura viária e de mobilidade urbana, a pesquisadora admitiu que eles podem até ser concretizados em alguma medida em algumas das cidades-sedes, mas lamentou que tenha sido preciso usar os eventos como motivo para a realização de obras tão necessárias ao país.

Até aqui, prosseguiu Heloisa Reis, o legado com maior potencial de efetivação relacionado aos megaeventos esportivos é o político. Segundo ela, iniciativas como a regulamentação do Estatuto do Torcedor (que já completou dez anos), a edição da medida provisória que trata da dívida dos clubes de futebol e o anúncio, por parte do Ministério do Esporte, da formulação da Política Nacional do Esporte são positivas. “O legado acadêmico também tende a ser positivo. No Brasil, nunca se pesquisou tanto nessa área do conhecimento e a academia tem ampliado a sua visibilidade na mídia”, disse.

Durante sua palestra, Heloisa Reis falou sobre a pesquisa que desenvolveu em Londres durante os Jogos Olímpicos realizados naquela cidade, em 2012. No quesito segurança, a pesquisadora disse que constatou duas realidades diferentes. “Em relação aos turistas, o policiamento era bastante simpático e eficiente. Em relação aos moradores mais pobres, principalmente os negros, os policiais eram truculentos e cometiam abusos, um deles presenciado por mim. Em contato com responsável pela segurança dos Jogos, ele me disse que a ação era proposital. Admitiu que o objetivo era demonstrar aos imigrantes, sobretudo os africanos, que eles eram bem-vindos para estudar e trabalhar, mas não para ‘causar problemas’”, relatou.

O Pré-Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte teve por objetivo trazer à tona debates acerca do perfil e do papel da Educação Física e da Ciência do Esporte em relação aos megaeventos a serem realizados no Brasil, estimulando a produção de conhecimento e as parcerias institucionais nesta área. Também serviu de preparação para o XVIII Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, que será realizado entre 2 e 7 de agosto, em Brasília. A programação pode ser conferida neste link.