Mayana Zatz aborda genoma pessoal

17/05/2013 - 07:54

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Gláucia, Edi e Katlin: atraindo competências

Gláucia, Edi e Katlin: atraindo competências

Mayana Zatz, especialista em genética humana

Mayana Zatz, especialista em genética humana

“Genoma Pessoal” é o tema da palestra que Mayana Zatz, professora de genética humana e coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano, concede na quarta-feira (22), às 11 horas, no Centro de Convenções. A public lecture, inicialmente marcada para o dia 23, foi antecipada para a manhã da cerimônia de abertura do curso internacional “Tópicos Avançados em Genômica e Biologia Celular”, que acontece até sexta-feira, com a presença de expoentes nacionais e internacionais e que tem como público alvo pesquisadores, profissionais e alunos das áreas médica e de computação. É necessário se inscrever para o curso, mas a palestra de Mayana Zatz, excepcionalmente, será aberta para toda a comunidade da Unicamp, que terá acesso a outros auditórios do Centro de Convenções.

No resumo a respeito de “Genoma Pessoal”, a especialista da USP observa que os avanços na tecnologia da biologia molecular têm sido tão rápidos que o número de testes genéticos disponíveis, tanto para características normais como patológicas, estão aumentando dia a dia. Além disso, com a redução do custo de sequenciamento do genoma inteiro, mais as pessoas vão se interessar em ter seu DNA sequenciado. Prevê-se que o sequenciamento do genoma poderá revelar mutações e variantes cujos impactos na saúde ainda são desconhecidos, levantando importantes problemas na interpretação dos resultados, na definição do prognóstico e aconselhamento genético.

Entre as questões a serem abordadas por Mayana Zatz, estão como lidar com mutações desconhecidas; quem vai interpretar resultados enviados aos consumidores por empresas privadas; quem terá acesso aos dados de genomas individuais; como garantir a confiabilidade; quanto de informações deve ser divulgado para as pessoas que têm seu genoma sequenciado; e se estamos preparados para lidar com o conhecimento do nosso próprio genoma. O tema ganhou destaque internacional recentemente após a atriz Angelina Jolie ter revelado a retrirada dos seios em função de uma mudança genética hereditária. A palestra também poderá ser acompanhada ao vivo pelo endereço https://www.rtv.unicamp.br/aovivo/canal3/

O curso internacional é organizado pelo Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG) e pelo Laboratório Central de Tecnologias de Alto Desempenho (LaCTAD) da Unicamp, com apoio da Fapesp e a coordenação geral do professor Paulo Arruda. Foram convidados especialistas da Stanford University, University of California, University of Chicago, Penn State University, University of South California, Instituto Curie e Centro Nacional de Genotipagem de Paris, além do Instituto Europeu de Bioinformática, entre outros. Do Brasil, há palestrantes da Unicamp, USP, Embrapa Informática Agropecuária e Hospital A.C. Camargo.

A professora Gláucia Maria Pastore, que acaba de assumir a Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP), responsável pelo LaCTAD, afirma que a realização de um evento deste porte demonstra o avanço que a Unicamp vem conquistando na área de genômica, compatível com o nível de conhecimento alcançado no primeiro mundo. “Nosso interesse é atrair competências para ampliar e divulgar esse conhecimento, servindo às instituições brasileiras e do exterior, fazendo da Universidade um centro de referência. A genômica tem implicações enormes em inúmeras áreas, não apenas médica ou biológica, mas também das engenharias, alimentos, agrícola e do clima. E não estamos certos se todos já vêm a importância desse instrumento.”

Três dias de workshop

As inscrições para o curso internacional “Tópicos Avançados em Genômica e Biologia Celular” ainda podem ser feitas pelo endereço https://cbmegcourses.org . “Será um workshop de três dias, com enfoque em genômica e tecnologias de sequenciamento em larga escala. Vamos abordar experimentos que geram até um terabyte de dados e com aplicações em câncer, doenças genéticas e também em evolução. É um enfoque bastante médico, mas também bastante computacional, no intuito de promover uma interação multidisciplinar”, explica a professora Katlin Massirer, que integra o Comitê Científico.

A professora Edi Sartorato, diretora adjunta do CBMEG e que também coordena o comitê, informa que a ideia é promover o curso anualmente, sempre com um tema do momento e relacionado aos serviços oferecidos pelo LaCTAD, a fim de ir diversificando e fortalecendo o laboratório multiusuário, que foi concebido nos moldes das facilities existentes no exterior e inaugurado há pouco mais de um ano. “Uma peculiaridade desse encontro diz respeito à sustentabilidade, com o uso de pouco papel e a disponibilização de materiais digitais aos participantes, inclusive de aplicativos para iPhone, Android e iPad.”

Segundo os organizadores do curso, a programação foi elaborada visando promover o estudo e discussão das novas tecnologias genômicas e plataformas computacionais, com ênfase em bioinformática, abrangendo os principais temas relacionados com modelos de doenças genéticas humanas e pesquisas com células-tronco. O objetivo é atualizar os participantes sobre o desenvolvimento de novas tecnologias de sequenciamento para pesquisas do genoma humano, expansão das redes de comunicação e recursos de computação para manipulação de banco de dados, bem como possibilitar a interação e troca de conhecimentos entre os grupos envolvidos.

Genômica humana

Também serão considerados os diferentes aspectos da genômica humana aplicada à medicina, com a análise de desordens de um único gene, condições multifatoriais e o desenvolvimento de novas terapias para doenças humanas. O programa vai abordar, ainda, a importância dos estudos genômicos para investigar aspectos evolutivos da humanidade, na medida em que há variações dentro das sequências do genoma humano, além das implicações éticas e legais do novo conhecimento gerado e seu provável impacto na sociedade.

Como exemplo de modelo de doença genética a ser abordado, Katlin Massirer cita o autismo, que exige o acompanhamento da criança desde pequena. “Os especialistas mostrarão como o autismo pode ser diagnosticado por meio de testes de sequenciamento em larga escala e, da mesma forma, caracterizado o melhor medicamento especificamente para aquela criança no futuro”, afirma a professora. “É bom frisar a questão do genoma pessoal. De forma geral, é possível encontrar os genes que indicam predisposição para certas doenças, havendo empresas que já oferecem o sequenciamento do genoma do indivíduo. Mas existem os prós e os contras, os aspectos éticos dessa questão, que serão discutidos no curso”, acrescenta Edi Sartorato.