As ferramentas digitais podem potencializar o aprendizado, o conhecimento, a disseminação de informação e a liberdade de expressão. Mas é preciso que exista, de fato, uma articulação para além do virtual, “no mundo de carne e osso”, nas palavras do jornalista Marcelo Tas. Ele participou na tarde de terça-feira (6), no Centro de Convenções da Unicamp, do primeiro dia de palestras da 4ª edição do Simpósio de Profissionais (Simtec) da Universidade. O jornalista é âncora do programa CQC (Custe O Que Custar), da TV Bandeirantes, e autor do Blog do Tas, um dos mais premiados do país.


“Os brasileiros gostam muito de novidade. Existe no Brasil muito manifestante só de internet. Não adianta a coisa ficar só lá. Vemos, por exemplo, muita gente que quer derrubar políticos corruptos no Twitter. Isso não existe. O Sarney não vai ser derrubado só com um clique no mouse. Precisa de uma mobilização no mundo real, de pessoas, como a gente sempre fez”, pondera o comunicador sobre os efeitos da chamada ‘revolução digital’. 

Para Marcelo Tas, as ferramentas digitais potencializam os efeitos, por exemplo, de uma mobilização que ocorre na 'vida real', como aconteceu com a primavera árabe – onda revolucionária de protestos que derrubou ditadores no Oriente Médio e norte da África. “A Primavera Árabe é um bom exemplo. E, ao mesmo tempo, ela sinaliza que as ferramentas ajudam no exercício da vontade na sociedade, mas é preciso que exista, de fato, no mundo de carne e osso, essa articulação”, exemplifica. 

“Aliás, como acontece no Maranhão se pegarmos o exemplo do Sarney. Acabamos de ter uma eleição municipal lá. E, novamente, a família Sarney foi derrotada, mesmo com aquele império de comunicação que eles criaram para sustentar o poder durante todas essas décadas. Ou seja, existe um efeito no mundo real, mas ele chega através de muito trabalho e suor de verdade. Não é só ficar clicando no mouse, no ar condicionado, que você muda o país ou a sua cidade”, reforça. 

Marcelo Tas é um dos principais responsáveis pela inovação da linguagem televisiva brasileira na década de 1980. Foi neste período que ele criou, junto com o cineasta Fernando Meirelles, a produtora independente Olhar Eletrônico e o personagem ficcional Ernesto Varela - o repórter de mentira que fazia perguntas inesperadas para os personagens da história de verdade. Tas também participou da criação do Programa Legal e Telecurso (TV Globo) e do Beco das Palavras, um game interativo no Museu da Lingua Portuguesa, em São Paulo.

Saiba como foi a abertura da 4ª edição do Simtec.