Música no Campus: tarde com
Cartola e Choro Elétrico

27/10/2012 - 18:40

Só faltou a praia, mas não faltou o clima “riviérico” ao Gramado do Instituto de Biologia (IB) na tarde deste sábado (27) no projeto Música no Campus. Primeiro vieram as cadeiras de praia, depois as bicicletas, as cangas, água para refrescar e muito sol. Depois foram chegando as crianças, com roupinhas calorentas, cabelo molhado, com lanchinhos e brinquedinhos para se entreter. Também vieram adultos animados, de todas as idades, para assistir a duas apresentações musicais, que evocaram o mestre Cartola e o choro. A programação esteve a cargo de Amanda Gonsales e do grupo Quatro a Zero, formado por alunos da Unicamp do curso de Música Popular. O evento foi organizado pela Comissão de Assuntos Culturais da Reitoria da Unicamp e pela Coordenadoria de Eventos Institucionais (CEI), apoiado pelo Centro de Integração, Documentação e Difusão Cultural (Ciddic) e acontece sempre no último sábado do mês.

Amanda Gonsales, que fez uma interpretação de Cartola reuniu, por uma hora, canções do sambista, acompanhada pelos músicos Denis Sartorato (no violão) e Lívia Carolina na percussão. Segundo Amanda, fora o talento de Cartola, o cantor sofreu muitas decepções amorosas e por isso suas composições são carregadas de sentimento. “O único amor que deu certo foi a dona Zica”, disse ela. 

Com novas concepções de arranjos e na interpretação, busca-se manter viva a obra desse compositor que alcançou o sucesso praticamente no fim da vida. “Cabe a nós, músicos atuais, continuarmos disseminando um trabalho tão bonito”, acredita a vocalista, que, em 1974, aos 66 anos, gravou o primeiro de seus quatro discos-solo, e sua carreira tomou impulso de novo com clássicos instantâneos como As rosas não falam, O mundo é um moinho, Acontece, O sol nascerá (com Elton Medeiros), Quem me vê sorrindo (com Carlos Cachaça) e Alegria, entre outros. O músico morreu em 1980 e é considerado um dos maiores sambistas de todos os tempos.

A segunda hora de música foi destinada à apresentação do grupo Quatro a Zero, que já teve várias outras formações e que hoje já planeja o quarto CD, fruto de um maior investimento em suas próprias composições. O CD deve sair no próximo ano. A apresentação do dia envolveu um mix dos três CDs anteriores: Choro Elétrico, Porta Aberta (em que o grupo fez uma pesquisa sobre o choro no Estado de São Paulo) e Alegria, com arranjos para clássicos do choro.

Quatro a Zero faz uma música instrumental que tem como principal referência o choro. Ao mesmo tempo, realiza um alargamento das fronteiras deste gênero: de uma perspectiva contemporânea, promove o encontro do choro com outras linguagens, produzindo uma música original que transcende rótulos. Com dez anos de história completados em 2011, Quatro a Zero participou dos mais importantes projetos culturais do país e foi premiado em 2004. No primeiro semestre deste ano, o grupo viajou para sua primeira turnê europeia, com shows em Paris e em Lisboa. 

Público em dia quente
Cíntia Brito, aluna de doutorado do IB, trouxe ao Gramado o marido Pedro e o filhinho de três anos, João. Visitou o projeto Música no Campus pela primeira vez e veio especificamente para assistir aos shows, não por mero acaso. Relatou que, além de gostar de música, a ideia do projeto acontecer ao ar livre tem muito apelo. Tanto é verdade que mais de 100 pessoas compareceram ao espetáculo. Pedro estava particularmente feliz porque acaba de ser aprovado em um concurso público e deve mudar para Goiânia para seguir carreira docente em uma das universidades da capital. “Vou sentir saudade da Unicamp”, onde acaba de concluir o doutorado, também no IB.

Juliana de Souza e Carolina Di Próspero (intercambista do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - IFCH) vieram juntas para participar do projeto Música no Campus. Encontraram o amigo Ronaldo Vieira. Estenderam duas cangas no chão, que viraram dois tapetes. Os três já costumam frequentar as atividades mensais do projeto.

Juliana conta que é uma antiga “freguesa” do evento e que tem acompanhado ótimas apresentações. A de hoje, em especial, foi muito interessante. “Aqui temos todos os ingredientes: a música, a companhia e o cair da tarde, que é muito bonito”, enfatizou. Carolina concordou. De nacionalidade argentina, veio estudar na Unicamp por meio de um programa de mobilidade estudantil. Ela revela que aprecia muito eventos que acontecem ao ar livre e que em Buenos Aires, na Recoleta, eles são muito comuns. Ronaldo completa dizendo que seria muito bom que o projeto tivesse continuidade e que fosse mais incentivado ainda, pela qualidade da música num espaço aberto.

 

 

Comentários

Deve ter sido uma tarde maravilhosa! Iniciativa como esta merece aplausos! Adoro choro! Ao ar livre deve ter sido maravilhoso! Amei as fotos de minha neta Cíntia, seu marido Pedro e o filhinho lindo João!!! Parabéns!!!

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Mariahpelegrineti@hotmail.com