A Unicamp está entre as instituições brasileiras que vem dando maior contribuição para o desenvolvimento de metodologia destinada à preservação, no futuro, dos documentos digitais. O reconhecimento foi feito pelas especialistas Cláudia Carvalho Masset Lacombe Rocha e Rosely Cury Rondinelli. As historiadoras são responsáveis pela coordenação da equipe brasileira do ambicioso projeto mundial para preservação de arquivos eletrônicos. Trata-se do InterPARES, sigla em inglês para Pesquisa Internacional sobre Documentos Arquivísticos Autênticos Permanentes em Sistemas Eletrônicos. O projeto foi criado em 1997 pela Universidade de British Columbia (UBC) do Canadá.

O objetivo é determinar modelos e padrões que permitam a gestão e a preservação de documentos digitais por longo prazo. Atualmente em sua 3ª fase, O InterPARES envolve instituições de dez países. A preocupação, segundo as historiadoras, é evitar danos à informação e a perda de documentos como consequência da rápida obsolescência tecnológica. No Brasil, a pesquisa é coordenada pelo Arquivo Nacional, instituição federal vinculada ao Ministério da Justiça.

“A intenção desta 3ª fase foi testar e colocar em prática propostas metodológicas para a preservação de documentos digitais. No Brasil foi formada uma equipe, a Team Brasil. E a Unicamp fez parte deste grupo desenvolvendo cinco estudos de casos, que estão sendo apresentados aqui. A Universidade aplicou muito bem a metodologia para preservar arquivos fotográficos; bancos de dados de matrículas de alunos e de pagamento de pessoal; teses e dissertações; e filmes. Foi a instituição que mais contribuiu com o projeto“, admitiu Rosely Rondinelli.

Os resultados da 3ª fase brasileira da Pesquisa foram expostos na quarta-feira (24) durante Fórum Permanente de Ciência e Tecnologia organizado pelo Arquivo Central de Sistemas de Arquivo (Siarq) da Unicamp; Comissão de Gestão e Preservação de Documentos Digitais da Universidade e Arquivo Nacional. O evento, realizado no auditório da Biblioteca Central Cesar Lattes (BCCL), contou com as participações de Jaime Antunes da Silva, diretor do Arquivo Nacional; Pedro Paulo Funari, presidente da Comissão de Gestão e Preservação de Documentos Digitais da Unicamp; e Neire do Rossio Martins, diretora do Siarq. Carmen Zink Bolonhini também prestigiou o evento. Ela é assessora da Coordenadoria Geral da Unicamp (CGU), responsável pela sistematização dos Fóruns Permanentes.

Pioneirismo
Na oportunidade, o diretor do Arquivo Nacional agradeceu a participação e contribuição da Unicamp no desenvolvimento das atividades no âmbito do projeto InterPARES brasileiro. “A Unicamp já tinha uma política de gestão documental e é uma Universidade pioneira neste sentido. Portanto, as suas contribuições para a questão da preservação digital são muitas porque já havia uma base”, confirmou.

“São necessários requisitos para aquilo que não é tangível, como os documentos digitais. Portanto, se o documento passou por reformatação, ele não pode ser corrompido. Um bom programa de gestão vai garantir capacidade de acompanhamento, de ter cópia de segurança, de ter garantias de que ele possa ser permanente enquanto informação e possa ser acessado a qualquer momento”, completou Jaime Antunes.

Para o historiador Pedro Paulo Funari, presidente da Comissão de Gestão e Preservação de Documentos Digitais da Unicamp, a Universidade tem mostrado, ao longo do tempo, sua preocupação com a gestão arquivística. “A Unicamp tem se empenhado em fazer com que a gestão da documentação seja corrente e tenha os cuidados que merece. E a criação do nosso sistema de arquivos merece destaque neste contexto”, pontuou.