Workshop na Feagri busca padrão de medidas
para emissões de CO2 na produção animal

02/10/2012 - 10:20

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Professora Daniella Jorge de Moura

Professora Daniella Jorge de Moura

 Richard Gates, University of Illinois

Richard Gates, University of Illinois

Público do I Workshop Internacional

Público do I Workshop Internacional

Os gases de efeito estufa são substâncias gasosas que absorvem parte da radiação infravermelha, emitida sobretudo pela superfície terrestre, e dificultam seu escape para o espaço. Isso impede que ocorra uma perda demasiada de calor para o espaço, mantendo a Terra aquecida. O aumento dos gases estufa na atmosfera têm potencializado esse fenômeno, causando um aumento da temperatura com consequências sérias para a vida na Terra num futuro próximo, como o próprio aquecimento global.

"É irrevogável fazer uma padronização das medidas de emissões de gases de efeito estufa na produção animal, pois hoje existem medidas diferentes em cada país, dificultando a confecção de um inventário, a realização de comparações e a feitura de um diagnóstico do que está acontecendo no global e no particular, de forma a mensurar o que está havendo na realidade. “Os valores que temos praticado podem conter erros inclusive”, contextualizou a diretora-associada da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) Daniella Jorge de Moura, organizadora do I Workshop Internacional de Emissões de Gases, Ventilação e Bem-Estar na Produção Animal, iniciado nesta terça-feira no anfiteatro da Feagri.

O evento, que tem continuidade até quinta-feira (4), pretende promover uma discussão entre o público e os 17 palestrantes convidados, entre eles 12 vindos dos Estados Unidos, França, China, Espanha e Colômbia sobre a questão e estudar conjuntamente metodologias que permitam criar afinal um padrão. “A agropecuária tem uma enorme participação na emissão de gases. Além do dióxido de carbono, o metano e a amônia estão entre os mais comuns, porém perniciosos”, relata Daniella Jorge. Com essa nova metodologia, seria possível controlar essas emissões e, a seguir, instituir medidas de mitigação para os altos níveis de emissões. Em particular no Brasil, infelizmente não se sabe exatamente o quanto de emissões existe. 

Ao longo dos três dias de evento, conta a diretora-associada, serão realizadas palestras, apresentação de pôsteres e reuniões técnicas. A intenção é alimentar um projeto temático da Fapesp sobre a padronização da mensuração das emissões de acordo com as características das instalações para suínos e aves no país. Com o conteúdo do workshop será produzido um material para ser amplamente divulgado.

Segundo Daniella, é iminente a decisão de buscar um consenso juntamente com uma metodologia objetiva de modo a criar uma forma própria de mensurar a emissão de gases. O caminho a ser estudado é mais a padronização e menos a questão política como os acordos do Brasil com outros países, como o Tratado de Kyoto, por exemplo. “Os maiores problemas estão no entorno da produção, sendo os principais a deposição de nitrogênio e a eutrofização do ecossistema (processo que consiste na gradativa concentração de matéria orgânica acumulada nos ambientes aquáticos), entre outros.

Pesquisadores de universidades e institutos agropecuários brasileiros e estrangeiros devem, nesses três dias, compartilhar suas experiências e discutir novas tendências tecnológicas relacionadas à emissão de poluentes na atmosfera pelos sistemas de produção animal. O evento contou com patrocínio da Fapesp, Capes, pós-graduação da Feagri, Universidade de Illinois e Embrapa, empresa de pesquisa agropecuária vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Tem ainda a participação de engenheiros, estudantes de pós-graduação, pesquisadores, profissionais da indústria suína e avícola, e professores universitários.