Especialistas do Brasil e do exterior debateram nesta segunda-feira (1°) na Unicamp as possibilidades de ampliação da cooperação entre as universidades e os organismos representativos da sociedade. Eles participaram do seminário “Vinculação Universidades e seu Entorno para o Desenvolvimento Social e Econômico Sustentável”, promovido pelo Centro de Estudos Avançados (Ceav), com colaboração da Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais (Cori). Os trabalhos foram realizados na sala do Conselho Universitário (Consu).

Na abertura do seminário, o reitor Fernando Ferreira Costa destacou que a Unicamp tem tradição em colaborar com o desenvolvimento tanto da comunidade mais próxima de seus campi quanto da sociedade brasileira em geral. Tal contribuição, segundo ele, vai além da missão de educar e formar pessoas. “Os conhecimentos gerados pela Universidade têm contribuído também para o desenvolvimento de tecnologias que trazem avanços e riquezas para o Brasil. Além disso, temos ajudado na formulação de políticas públicas em áreas fundamentais para a população, como saúde e educação, entre outras”, afirmou.

Na primeira conferência do dia, Cristina Uriarte, professora da Universidade do País Basco, falou aos presentes sobe o Projeto Vinculaentorno, programa de cooperação entre instituições de ensino superior da União Europeia e América Latina. A iniciativa, que tem sido financiada pela Comissão Europeia, tem por objetivo promover o intercâmbio de experiências com vistas ao desenvolvimento social e econômico dos países representados, em especial os latino-americanos.

As ações, segundo Cristina Uriarte, são executadas a partir de três eixos principais: transferência do conhecimento e da inovação, formação continuada e compromisso social. “Esse tipo de cooperação traz vantagens para as universidades, que podem tornar o seu sistema de educação mais eficiente e fazer com que suas investigações tenham aplicação real, mas também para a indústria, que passa a ter acesso a capital humano formado segundo as suas necessidades. Já a sociedade se beneficia dos desdobramentos dessa interação”, disse.

Ao enfatizar algumas práticas exitosas vinculadas ao Projeto Vinculaentorno, Jose-Gines Mora, da Universidade de Londres, lembrou que o maior impacto que as universidades podem causar ao seu entorno não se dá propriamente pela transferência de tecnologia, mas sim por meio da formação de recursos humanos qualificados. Ao elencar as iniciativas de sucesso, o docente disse que alguns fatores estavam presentes em todas elas: liderança, confiança, inovação, flexibilidade e financiamento. “Existem diversas formas de aproximação das universidades com a sociedade. Não há uma receita única. Qualquer instituição de ensino superior pode estabelecer vínculos importantes com o seu entorno”, assegurou.

Na sequência, o presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Mariano Laplane, que é professor licenciado do Instituto de Economia (IE), abordou as ações empreendidas tanto pelo governo federal quanto pela iniciativa privada nas áreas de pesquisa e desenvolvimento. De acordo com ele, muita coisa tem sido feita, mas ainda é preciso avançar mais. “No ranking mundial, o Brasil é o 13º colocado em produção científica, mas ocupa a 47ª posição no que se refere à inovação. Entre outras medidas, precisamos que as empresas assumam o protagonismo nesse esforço”, considerou.