É possível tirar vários sons da flauta transversal ao mesmo tempo. E quem se considerar incapaz por ter formação tradicional se engana, pois a compositora e arranjadora Anne La Berge, musicista americana radicada na Holanda, também iniciou a carreira com a flauta tradicional, na infância. Uma das revelações feitas por ela no início de uma oficina ministrada nesta segunda-feira a alunos de música da Unicamp, dentro do projeto “Objetos Convergentes”, diz respeito a seu interesse pelo repertório moderno desde os 15 anos de idade, quando ingressou em grupos de música moderna. Hoje, ela trabalha com uma flauta especial, de quarto de tom, da qual em momento solo de demonstração ela fez fluir vários, muitos sons.

De acordo com Anne, a mudança para a flauta de quarto de tom é importante no desenvolvimento de seu trabalho, pois dá a oportunidade de explorar novos sons dentro da acústica padrão.  O instrumento permite improvisar com bateristas e guitarristas, mas geralmente, se apresenta com seu parceiro no Duo Shackle, Robert. “Mas como ele teve de voltar para a Holanda, ela consegue fazer a eletroacústica sozinha”, diz o músico formado pela Unicamp Tiago de Mello.

Um dos responsáveis pela visita de Anne à Unicamp, Mello enfatiza que a presença de instrumentistas com a qualidade e a atualização de Anne na Universidade, é importante para ampliar um campo de pesquisa no qual as pessoas raramente trabalham no Brasil. “Existem outros musicistas que fazem isso no mundo, mas com a convicção dela. O que ela faz é raro”, acrescenta Tiago.

Na segunda parte da oficina, a partir das 14 horas, os alunos se organizaram em grupos para desenvolver estratégias de eletroacústica. O trabalho resultará em um concerto a ser apresentado ao lado de Anne nesta terça-feira (dia 2), às 12 horas, na Sala Almeida Prado, ao lado do Restaurante Administrativo, onde a Orquestra Sinfônica da Unicamp realiza seus ensaios.