Mundialmente, cerca de 80% das demências são atribuídas à Doença de Alzheimer (DA), que é neurodegenerativa e provoca o declínio das funções intelectuais, reduzindo as capacidades de trabalho e relação social, além de interferir no comportamento e na personalidade. A causa da doença é ainda desconhecida. e, ao que sabe, apenas 5% delas têm uma explicação genética. Estima-se que haja 30 milhões de pessoas com a enfermidade no momento. Esses números foram fornecidos pelo neurologista do HC Benito Damasceno, professor titular da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), que abordou o tema Doença de Alzheimer: é possível prevenir? durante o Fórum Permanente Esporte e Saúde. Organizado pelo Hospital de Clínicas (HC) e Faculdade de Educação Física (FEF), o evento é promovido pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU).

Além de enfatizar que a DA interfere na qualidade de vida da população, que hoje tem uma maior sobrevida, Damasceno salientou que ela é uma tragédia que acaba tendo que ser compartilhada com os familiares, por ser incapacitante. “Na década de 70, ela parecia fazer parte o envelhecimento natural”, afirmou o especialista. Hoje avançou drasticamente e atinge inclusive idades mais precoces também. Um dos primeiros sintomas é a amnésia.

Segundo o neurologista, 1,5 milhão de casos da doença poderiam ser prevenidos. Se a prevalência de hipertensão, por exemplo, fosse reduzida em 10% da população, cerca de 160.000 casos de Alzheimer seriam evitados no mundo todo. Se a prevalência de diabetes também fosse reduzida em 10%, cerca de 81.000 casos seriam evitados.

Também duas horas e meia de exercícios físicos por semana e uma dieta alimentar equilibrada reduziriam a DA. “Se não conseguirmos modificar o nosso estilo de vida, através de atividades físicas e atividade intelectual, teremos graves problemas”, advertiu o neurologista. A doença de Alzheimer é a causa número 1 de mortes por demências no Brasil.

Fórum

Este fórum, intitulado Neurociências para todos: o cérebro nosso de cada dia, foi organizado pelo neurologista Li Li Min, diretor-associado do Departamento de Neurologia da FCM. O evento privilegiou a abordagem de três problemáticas de grande impacto biopsicossocial da atualidade – as demências, o acidente vascular cerebral (AVC) e a epilepsia. “Todos temos cérebro e precisamos cuidar bem dele", aconselhou Li Li Min. O Fórum Esporte e Saúde prossegue à tarde discutindo como mudar o jogo no AVC e as políticas públicas relacionadas à epilepsia.