Brasil pode ficar entre sete potências
mundiais na Paraolimpíada de Londres

04/09/2012 - 16:40

José Irineu Gorla

A conquista do ouro na tarde de domingo (2) pelo atleta Alan Fonteles nos 200 metros rasos levou o Brasil à sétima posição no quadro de medalhas da Paraolimpíadas 2012 em Londres, porém, o país voltou à oitava posição nesta terça-feira (4). De acordo com o professor da Faculdade de Educação Física da Unicamp e membro da Academia Paralímpica Brasileira José Irineu Gorla, o Brasil realizou uma preparação para ficar entre as sete potências mundiais do esporte Paraolímpico. De acordo com Gorla, houve um investimento expressivo na preparação dos atletas e na formação de recursos humanos. 

Gorla comemora o desempenho crescente do Brasil a cada edição dos jogos. “Em Sidney, ficamos em 24º lugar e, em Athenas, subimos para 14ª posição, chegando a Pequim na 9ª posição. Isso mostra a evolução da preparação dos nossos atletas e os investimentos que são feitos”, salienta Gorla.

O professor enfatiza a atenção ao atleta paralímpico, especialmente os da equipe do futebol de cinco para cegos. A seleção brasileira, segundo ele, tem treinado, em média, uma semana por mês no centro de treinamento paralímpico em Niterói (Andef) nesse ciclo de Pequim a Londres. Este procedimento contribui com a melhora do desempenho dos atletas. Durante esse período de treinamento, os atletas ficam em concentração, passam por avaliações físicas, médicas, têm fisioterapeutas e outros profissionais que auxiliam na preparação. Nesse ciclo, de acordo com Gorla, acontecem também algumas competições e campeonatos, tanto nacionais quanto internacionais, e os técnicos ajustam seus treinamentos e observam outras equipes. “Muitos desses atletas que estão em Londres recebem uma bolsa-atleta que possibilita o auxílio da sua preparação como a compra de um tênis, alimentação, roupas específicas, cadeira de rodas entre outras.” 

Gorla afirma que aproximadamente 18 alunos matriculados ou formados pela FEF estão na edição 2012 dos jogos. Por meio da FEF, a Unicamp contribui para a formação de profissionais que atuem com a pessoa com deficiência por meio de programas de pós-graduação (mestrado e doutorado), dos cursos de especialização e na graduação em educação física. “Muitos desses alunos adquirem seus conhecimentos nos projetos de extensão que a FEF desenvolve nessa área de esporte adaptado. Com o passar do tempo, alguns deles acabam se envolvendo com modalidades paralímpicas, fazem estágios em competições e acabam sendo convidados pelo Comitê a fazerem parte de algumas funções”, acrescenta. Gorla também ressalta a projeção da FEF no cenário pelos 20 anos do Departamento de Estudos da Atividade Física Adaptada e pelo reconhecimento acadêmico que tem formado, nesse período, em média 26 doutores e 57 mestres. Isto levando em consideração somente na linha de estudos da pessoa com deficiência e sem incluir os alunos que passaram pelos nove cursos de especialização em atividade física adaptada. 

A FEF desenvolve um projeto de Esportes Adaptados e atividades perceptomotoras para pessoas com deficiências. Especificamente temos duas modalidades com chances de disputar as paralimpíadas do Rio em 2016. Uma delas, segundo Gorla, é o Rugby em cadeira de rodas e a outra é o esgrima em cadeira de rodas. “O rugby em CR é uma equipe que foi formada em 2008 e que participou de cinco campeonatos brasileiros, sendo campeã absoluta em quatro deles e um segundo lugar em 2008. Com isso temos entre seis e sete atletas que fazem parte da seleção brasileira de Rugby em CR e que certamente disputarão as paralimpíadas do Rio”, afirma Gorla. 

Segundo o professor, outra modalidade com chance de ter atletas da Unicamp é o esgrima em cadeira de rodas, uma modalidade que vem crescendo na FEF e que já mostra seu potencial nas competições. O projeto faz parte da extensão universitária da FEF e tem contribuído para a formação dos alunos tanto no ensino, como uma área de estágios, e na pesquisa.

Para Gorla, o Brasil avançou muito no que diz respeito à divulgação dos esportes paralímpicos, mas espera que em 2016, nas paralímpíadas do Rio de Janeiro, todos possam assistir aos jogos também pelas redes abertas de TV, já que a programação de 2012 ficou restrita a alguns canais pagos. As TVS abertas, segundo ele, se restringiram a divulgar os resultados de provas e quadro de medalhas. “Muitas pessoas desconhecem até mesmo o que são esses jogos, outros ficam focados apenas na superação ou ainda na própria deficiência do atleta. Estamos em um momento que essas pessoas começaram a aparecer na sociedade por meio do esporte, do trabalho, dos estudos e de outras formas. É necessário que se tenha um olhar para eles, nesse caso dos jogos de Londres, como atletas e que representam nosso país da mesma forma que os atletas olímpicos”, reflete Gorla. 

Acompanhe a evolução do Brasil nos Jogos Paraolímpicos de Londres

Comentários

Em 2005, quando o professor Gorla chegou na FEF, era um visionário quanto à implantação do Rugby em Cadeira de Rodos e outros esportes adaptados e de competição. Poucos anos depois, suas visões já são realidade e com ótimas perspectivas para o futuro.
Parabéns pelo envolvimento, dedicação e seriedade.

Email: 
frigo@fef.unicamp.br