Fórum inicia discussão de uma biblioteca
digital em História da Matemática

30/08/2012 - 15:00

/
Bertato: obras raras já começam a ser digitalizadas

Bertato: obras raras já começam a ser digitalizadas

Claudia Wanderley: busca de conteúdos

Claudia Wanderley: busca de conteúdos

A iniciativa de organizar uma Biblioteca Digital Brasileira de História da Matemática permeou as discussões de mais uma edição do Fórum Permanente de Ensino Superior, desta vez sobre o tema “História da Matemática – diálogos e possibilidades”, nesta quinta-feira (30), no Centro de Convenções. O objetivo principal do encontro foi propiciar um início de diálogo entre pesquisadores interessados na história da ciência, em particular da matemática, tanto no sentido consagrado pela tradição europeia quanto no âmbito da etnomatemática. Os Fóruns Permanentes são realizados pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU), sendo que este evento contou com a organização do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência (CLE).

“Vamos apresentar algumas possibilidades de se criar uma Biblioteca Digital Brasileira de História da Matemática. Já iniciamos, no CLE, o processo de digitalização de algumas obras raras e pretendemos expandir este trabalho registrando também o conteúdo e contribuições de matemáticos brasileiros. Temos uma visão universalista, mas privilegiando também o nosso território, o que foi e é feito no Brasil”, adiantou o pesquisador Fábio Bertato, um dos organizadores do fórum.

A palestra de abertura foi concedida pela linguista Claudia Wanderley, também pesquisadora do CLE e que tem as bibliotecas digitais entre seus objetos de estudo. “Já possuímos um grupo de trabalho em língua portuguesa, numa cooperação que estamos renegociando com a Unesco. A discussão é justamente sobre o pouco material em português disponibilizado para os alunos estudarem, e que o pouco que existe se encontra desestruturado, ou seja: quando surgem iniciativas de digitalização de textos, elas não estão conectadas e, por vezes, ficam apenas para o grupo que sabe da digitalização.”

Claudia Wanderley apresentou dados referentes a 2011 mostrando que 56% dos conteúdos disponibilizados na Internet estão em inglês, ao passo que o português responde por apenas 1,9%. “O nosso grupo foi pensado pela Unesco levando em conta que existem oito países que possuem uma história comum de colonização e o português como língua oficial, mas que não se conversam. Isso porque as pré-elites estão indo estudar na Europa e Estados Unidos e não trocam informações entre si. Daí a importância de se construir esta rede.”

A palestrante informou que já existe boa colaboração nesse sentido entre os países lusófonos – Brasil, Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Macau e Timor-Leste – e que a ideia, agora, é fazer uma varredura de conteúdos sobre história da matemática e reuni-los em um único lugar. “É possível desenvolver um site para agregar e disponibilizar obras de forma estruturada, barata e aberta, não só para nós, como também para os países de língua portuguesa.”