Aníbal Faúndes fala sobre as graves
consequências do aborto inseguro

28/06/2012 - 15:30

/
O médico Aníbal Faúndes

O médico Aníbal Faúndes

Público acompanha a conferência

Público acompanha a conferência

Nos países em que o aborto foi legalizado, o índice de mortalidade materna e a taxa de interrupção das gravidezes são menores do que naqueles que não aprovaram o procedimento. A informação é do professor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Aníbal Faúndes, que participou no início da tarde desta quinta-feira (28) do “Aulas Magistrais”, projeto desenvolvido pela Pró-Reitoria de Graduação (PRG). Faúndes abordou o tema “O aborto, a saúde da mulher e os direitos sexuais e reprodutivos”.

De acordo com o médico, que também é pesquisador sênior no Centro de Pesquisas em Saúde Reprodutiva de Campinas (Cemicamp) e coordenador do Grupo de Trabalho sobre Aborto Inseguro da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), é um equívoco pensar que a legalização tem como consequência o aumento do número de abortos. “Nos países em que a medida foi adotada, as taxas caíram com o passar do tempo. O mesmo ocorreu com os índices de mortalidade materna, visto que as mulheres passaram a ter acesso a atendimento de qualidade”, disse.

O professor da FCM apresentou um dado segundo o qual foram feitos cerca de 45 milhões de abortos no mundo entre os anos de 2003 e 2008. Destes, 22 milhões foram ilegais. O problema, segundo ele, é que grande parte dos procedimentos clandestinos também é insegura, ou seja, não conta com os necessários cuidados médicos e hospitalares. Estes, não raro, acabam por acarretar hemorragias, infecções, perfurações intestinais e até a morte. “É preciso lembrar que os casos de aborto ilegal são frequentemente subnotificados. Principalmente nos países pobres e emergentes, as complicações decorrentes do abortamento inseguro constituem sério problema de saúde pública”.

No Brasil, prosseguiu Faúndes, a discussão em torno da legalização do aborto ainda causa muita polêmica. Aqui, assim como em outras nações não desenvolvidas, assinalou o médico, as mulheres que optam por interromper a gravidez o fazem, na sua maioria, de forma insegura. “A bem da verdade, o Brasil não consegue oferecer um atendimento adequado nem mesmo às mulheres que querem interromper a gravidez nos casos previstos em lei. É o caso daquelas que foram estupradas. Aqui, se a mulher disser que foi violentada pelo noivo, por exemplo, a tendência é que as pessoas, inclusive os profissionais de saúde, considerem que isso não constitui estupro, apenas porque ela mantém um relacionamento afetivo com o agressor”.

As maiores vítimas dessa situação, lembrou o médico, são as mulheres pobres, que não têm voz para cobrar uma mudança na legislação. “Falta poder político a elas. É por isso que temos que usar as nossas vozes para defender os direitos delas”. A questão que se coloca, conforme o docente, não é ser a favor ou contra o aborto. “Ninguém gosta do aborto, nem mesmo a mulher que opta por ele. Trata-se de uma solução extrema”, lembrou Faúndes, destacando que a discussão em torno do tema tem que envolver também o direito da sociedade em geral a uma educação sexual responsável e ao acesso à informação e serviços de saúde de qualidade. O projeto “Aulas Magistrais” é realizado uma vez ao mês. Os convidados são docentes e pesquisadores com destacada produção acadêmica e intelectual. As conferências são gravadas e ficam disponíveis no site da PRG, neste link.

Comentários

É muito bom saber que há pessoas como o Anibal Faundes, que se preocupam com o bem estar das no Brasil, espero ver em breve essa questão legalizada no nosso país, afinal até quando vamos ficar inertes diante de um problema tão sério de saúde pública?

Email: 
allegro.alves@gmail.com