Unicamp concede o título de Professor
Emérito ao filósofo Oswaldo Porchat

23/11/2011 - 13:13

O professor Oswaldo Porchat de Assis Pereira da Silva, criador do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência (CLE) e também do Departamento de Filosofia e do curso de Pós-Graduação em Lógica e Filosofia da Ciência, recebeu o título de Professor Emérito da Unicamp em solenidade na manhã desta quarta-feira, na sala do Conselho Universitário. “É uma merecida homenagem a um dos mais importantes e prestigiados filósofos brasileiros, cuja atuação nessa Universidade abriu caminho para que ela se tornasse conhecida e respeitada internacionalmente no campo da filosofia”, saudou o reitor Fernando Costa, salientando que a outorga da mais alta distinção concedida a um professor universitário foi aprovada por unanimidade no Consu.

A saudação inicial foi atribuída à professora Fátima Regina Rodrigues Évora, chefe do Departamento de Filosofia, a quem o homenageado convidou como madrinha, juntamente com a esposa Ieda Porchat. “Ter sido convidada por ele foi sem sombra de dúvida a maior honra que recebi em toda a minha vida acadêmica. Mestre de toda uma geração de filósofos brasileiros, o professor Oswaldo Porchat é conhecido e respeitado no Brasil e no exterior, além de ser um dos pensadores mais finos e argutos desse país, com uma capacidade de síntese invejável. Destacou-se por sua disposição generosa de trabalhar institucionalmente, não apenas na criação de departamentos e centros de pesquisa, mas especialmente na implementação do sistema brasileiro de pós-graduação em filosofia, que muito deve a ele”.

Fátima Évora lembrou que o professor emérito chegou à Unicamp em 1975, estimulado por Rogério Cerqueira Leite, permanecendo até 1985. “Ele trouxe um pequeno projeto, que contemplava a implantação de um centro de estudos e pesquisas nas áreas de lógica, epistemologia e história da ciência, bem como um programa de pós-graduação em lógica e filosofia da ciência. O projeto, além de preencher uma grande lacuna, converteria a Unicamp, na década de 70, num local privilegiado de encontro e diálogo entre filósofos, lógicos, historiadores, sociólogos, matemáticos, físicos, psicanalistas, até então dispersos em vários centros universitários do país.”

“Sou sincera e profundamente agradecido à Unicamp pelo título que me foi hoje outorgado. Criar o CLE foi para mim a realização de um sonho e a cerimônia de hoje me parece um coroamento desse sonho. Um sonho que muitos me ajudaram a tornar realidade: professores, funcionários, estudantes, diretores das agências de financiamento, membros do Conselho Diretor da Unicamp e alguns reitores cujos mandatos se desenvolveram durante o tempo em que estive aqui”, retribuiu Oswaldo Porchat, antes de divertir os presentes com detalhes sobre seus primeiros encontros com Zeferino Vaz, que em duas semanas decidiu pela criação do CLE e contratou o grupo pioneiro de pesquisadores. “A criação e a estruturação do CLE foram uma epopeia, até falaria em anos heroicos.”

O reitor Fernando Costa observou que o homenageado permaneceu ligado à Unicamp por apenas dez dos seus 37 anos de vida dedicados à docência. “No entanto, como disse a diretora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Nádia Farage, na reunião em que os membros do Consu decidiram por unanimidade outorgar-lhe o título, sua presença nesse período foi ‘marcante e fulgurante’. De fato, foi na Unicamp que o professor Porchat concretizou sua ideia trazida da Universidade de Berkeley [de criação do CLE]. Ele, que já professor emérito da USP, recebe hoje a mesma homenagem dos seus pares na Unicamp.”

Trajetória
Nascido em 1933, Oswaldo Porchat tem bacharelado em letras clássicas pela USP (1956) e em filosofia pela Universidade de Rennes (1959), onde foi aluno de Victor Goldschmidt, de quem se considera discípulo. Defendeu o doutorado em filosofia também pela USP (1967) e foi aluno residente da École Normale Supérieure, em Paris. Fez pós-doutorado na Universidade da Califórnia (Berkeley), em 1969-70, e na London School of Economics and Political Sciences (Londres), em 1983. De 1961 a 1975, atuou como professor de filosofia da USP, onde voltou a lecionar depois da passagem de dez anos pela Unicamp, até 1998. Define-se como um filósofo neopirrônico.