Edição nº 545

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 05 de novembro de 2012 a 11 de novembro de 2012 – ANO 2012 – Nº 545

Em sintonia com as
mudanças conjunturais

Universidade reestrutura unidade em
Limeira e investe na criação de novos cursos

 

A graduação na Unicamp expandiu-se e fortaleceu-se ainda mais a partir de 2009 com a adoção de importantes medidas estratégicas, como a transformação do Centro Superior de Educação Tecnológica (Ceset) de Limeira na Faculdade de Tecnologia (FT) e, mais recentemente, com a criação de quatro novos cursos.

Três deles passarão a integrar as opções da FT: Engenharia de Telecomunicações (50 vagas, período integral), Sistemas de Informação (45 vagas, integral), Engenharia Ambiental (60 vagas, período noturno). O quarto curso aprovado pelo Conselho Universitário (Consu) da Unicamp, na sessão do dia 7 de agosto último, foi Engenharia Física (15 vagas, período integral), no campus de Barão Geraldo, sob a responsabilidade do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) e com a participação de diversas outras unidades.

Essas iniciativas respondem a demandas do Brasil por profissionais cada vez mais bem qualificados e com sólida formação em áreas fundamentais ao desenvolvimento do país, e colaboram para referendar a excelência da graduação da Unicamp.

De acordo com o professor José Geraldo Pena de Andrade, diretor da FT, a criação dos três cursos de graduação vem fechar um histórico ciclo de reestruturação da unidade de Limeira com o propósito de adequá-la cada vez mais ao perfil das demais faculdades e institutos dedicados ao ensino, à pesquisa e à extensão, sediados no campus de Barão Geraldo.

Ele lembra que esse processo começou há cerca de oito anos, com a contratação de professores-pesquisadores para o então Ceset. O incentivo às atividades de pesquisa criou o terreno propício à implantação do primeiro programa de pós-graduação na instituição (o mestrado stricto sensu com área de concentração em Tecnologia e Inovação) e à transformação do Ceset na atual Faculdade de Tecnologia (FT), ambas em 2009.
Andrade esclarece que os novos cursos foram definidos segundo critérios que contemplaram necessidades de mercado, o anseio de alunos do ensino médio e a infraestrutura já disponível para o ensino e a pesquisa em áreas nas quais a FT possui forte tradição.

“Pretendemos, com os novos cursos, atrair alunos com perfis diferenciados, que se integrarão aos bons alunos que já fazem parte do nosso destacado corpo discente de tecnologia, sobretudo porque as novas opções e os cursos previamente existentes estão, de certo modo, inter-relacionados. Outro ponto importante é que os novos cursos contribuirão para aprofundar as atividades de pesquisa na FT”, destaca Andrade.

 Segundo ele, a proposta da criação começou a ser discutida com a Pró-Reitoria de Graduação em 2011. A grande receptividade da comunidade universitária e o amplo respaldo da administração da Unicamp e das unidades afins aos cursos foram responsáveis pelo êxito da aprovação da iniciativa ao longo do trâmite pelas instâncias formais da Universidade e, finalmente, no Consu, enfatiza o diretor.

Ele observa ainda que a implantação dos três cursos não implica em alteração no número de vagas oferecidas atualmente pelo Vestibular da Unicamp, mas sim em um reaproveitamento de vagas ociosas, e também não exigirá mudanças estruturais significativas, salvo pequenas adequações de infraestrutura laboratorial.

Os cursos de Engenharia de Telecomunicações e de Sistemas de Informação absorverão, respectivamente, as vagas oferecidas pelos cursos de Tecnologia em Sistemas de Telecomunicações e Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (integral), que serão extintos. Já as vagas a serem oferecidas pelo curso de Engenharia Ambiental serão provenientes dos cursos de Tecnologia em Construção de Edifícios (30 vagas) e Tecnologia em Controle Ambiental (30 vagas). Estes dois últimos serão mantidos, agora com 50 vagas cada um.

Engenharia multidisciplinar

Ampliar o leque de opções de carreira ao aluno ingressante e elevar a concorrência candidato-vaga de forma a poder selecionar alunos cada vez mais bem preparados estão entre as motivações da criação do curso de Engenharia Física, explica o seu coordenador, o professor Pascoal Pagliuso, do IFGW.


Segundo ele, dentre as possibilidades de novas carreiras, a Engenharia Física se evidenciou, principalmente por se constituir em uma área já consolidada em excelentes universidades ao redor do mundo. No Brasil, é uma carreira emergente que vem ao encontro de uma demanda crescente desse tipo de profissional multiespecialista que possa atuar na fronteira entre a pesquisa e a indústria, em áreas estratégicas do desenvolvimento sustentável do país, salienta o docente.

De acordo com Pagliuso, o novo curso de graduação em Engenharia da Unicamp objetiva a formação de um profissional generalista, com sólida base científica e tecnológica, principalmente nas áreas relacionadas com as ciências exatas, preparado para aplicar na investigação de problemas tecnológicos os conhecimentos básicos adquiridos.

Por sua formação multidisciplinar, o engenheiro egresso possuirá ambas as visões: a do cientista e a do engenheiro, estando, desse modo, apto à pesquisa, ao desenvolvimento e ao apoio tecnológico. Com esse arcabouço, deverá ser capaz de introduzir e desenvolver, em um contexto empresarial, novos processos e produtos de alto valor agregado, argumenta o coordenador.

Além da relevância do curso tanto no cenário internacional quanto para as necessidades internas do país, iniciativas bem sucedidas adotadas nesse campo por outras instituições brasileiras – como a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), que oferece graduação em Engenharia Física desde 2000 – ajudaram a consolidar o projeto dentro do IFGW e a sua adesão por parte das demais unidades participantes.

Além do IFGW, o curso de Engenharia Física da Unicamp conta com a participação da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC), do Instituto de Computação (IC), do Instituto de Matemática Estatística e Computação Científica (IMECC), do Instituto de Biologia (IB), do Instituto de Economia (IE) e do Instituto de Química (IQ).

O aluno terá, portanto, disciplinas oferecidas nessas diferentes unidades da Universidade, todas de excelência reconhecida, tendo a oportunidade de interagir com docentes e discentes de todas elas. O catálogo de disciplinas da Engenharia Física foi elaborado de forma a oferecer essa formação generalista, mas mantendo o foco do curso, de modo que todas as disciplinas necessárias para a formação completa de um engenheiro foram mantidas, enfatiza Jun Takahashi, coordenador de graduação do IFGW.

Diferencial

O docente chama a atenção também para o que considera um importante diferencial do novo curso: a Engenharia Física será incorporada ao chamado Cursão, que já conta com os cursos de Física, Matemática e Matemática Aplicada e Computacional. As 155 vagas serão mantidas, sendo que 15 estarão reservadas à nova carreira. A entrada será comum e a escolha pelas carreiras ocorrerá em etapa posterior, variando conforme a opção.

Para cursar Engenharia Física na Unicamp, os candidatos devem optar no momento da inscrição no Vestibular Nacional Unicamp pelo curso de ingresso comum para: Engenharia Física, Física, Matemática e Matemática Aplicada e Computacional. No terceiro semestre é que esses alunos devem escolher entre um dos cursos citados acima. Das 15 vagas oferecidas pela Engenharia Física, cinco são para a ênfase em Optoeletrônica e dez vagas para a ênfase em Produção Tecnológica.

“Ao ingressarem na universidade, muitos estudantes não têm um projeto pessoal ainda definido. Falta-lhes conhecimento suficiente sobre a carreira escolhida e idealizam de forma irreal o curso e a instituição de ensino. O objetivo do Cursão é permitir maior flexibilidade de escolha aos alunos e proporcionar uma alternativa de entrada na Unicamp que não implique uma decisão prematura”, observa Takahashi.
A Engenharia Física substitui com vantagens o extinto curso de Física Aplicada, tradicionalmente oferecido havia mais de uma década pelo IFGW.