Edição nº 533

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 30 de julho de 2012 a 05 de agosto de 2012 – ANO 2012 – Nº 533

Uma vida pautada pela música

A trajetória de João Bosco Stecca, maestro da Orquestra Comunitária da Unicamp

Perfil

João Bosco Stecca é um musicista feliz com a carreira escolhida e na qual percorreu uma longa trajetória desde que se matriculou no curso de percussão do Conservatório Carlos Gomes, aos 16 anos de idade. Mas o dia mais feliz de sua semana é a segunda-feira, destinada aos ensaios da Orquestra Comunitária da Unicamp, na Casa do Lago. “Esta orquestra é minha vida. Assistir a esta troca entre músicos experientes – professores, alunos, mestres, doutores – e jovens de 15 anos que começam a traçar o caminho da música é inexplicável”, declara o maestro, enfatizando que foram 11 anos de trabalho árduo, iniciado em 2001, ao lado do professor Paulo Justi, do Instituto de Artes, falecido em 2010.

Em festividades nos coretos de sua cidade, Itapira (SP), levado pelo seu pai, Alvaro, desde os 5 anos de idade, a inquietação por estar diante de uma banda fazia com que, em poucos minutos, se posicionasse diante dos tambores, o que já indicava o interesse por percussão. Quando chegou a Campinas para concluir o ensino médio na Escola Aníbal de Freitas, logo se matriculou no conservatório, onde foi orientado pelo professor José Ulisses Arroyo, conhecido por Branco, na época percussionista do Coral da Universidade de São Paulo (USP). Tempo depois, tornou-se percussionista do Coral da Unicamp, na época regido pelo maestro Benito Juarez. Em Campinas, ele atuou no naipe de tenores do Coral da Unicamp. Depois se especializou em percussão com os professores Claudio Stephan, da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, e Luis Almeida da Anunciação (Pinduca), da Orquestra Sinfônica Brasileira.

Mas as vibrações neste momento não são emitidas pelo som dos tímpanos, e sim pela emoção em ver a transformação da Comunitária em Projeto de Extensão Orquestra Comunitária da Unicamp. “Hoje pertence à Unicamp, de fato, graças à iniciativa do professor Mohamed Habib, que encaminhou a resolução quando ainda era pró-reitor de Extensão”, alegra-se. Stecca tira alguns segundos de fôlego para em seguida relembrar a trajetória ao lado de ilustres instrumentistas que se dispuseram, voluntariamente, a transmitir a arte de tocar um instrumento a alunos de diferentes classes sociais. “Hoje, além de estarmos vinculados à Unicamp, recebemos apoio do Instituto Robert Bosch, mas muitas campanhas foram criadas para captação de recursos para a manutenção e ampliação da orquestra”.

Maria Olímpia. Este é o nome da mulher que estimulou a transformação de simples aulas de violino em uma camerata e depois numa orquestra com tendência a crescer. Em 2001, depois de ver os filhos criados, a violinista de Jaguariúna (SP) pediu indicação de nome de professor de violino para retomar os estudos com o instrumento. Qual não foi o susto de Stecca e do então indicado professor Arthur Aquiles ao verem estacionar próximo à antiga Unibanda, hoje Escola Livre de Música, uma van, da qual desembarcaram 15 entusiasmados alunos.

Stecca e Justi fizeram então um grupo de cordas com primeiro, segundo e terceiro violinos. Para isso, convidaram dona Elazir, que até hoje, aos 84 anos, é integrante assídua dos ensaios e dos concertos desse e outros grupos. Elazir é uma inspiração para jovens instrumentistas, tanto que alguns de seus filhos e netos seguiram este caminho.  Andréia, por exemplo, é percussionista da Comunitária. Outra neta, Luana, também acompanhava o grupo como percussionista.

A sonoridade do primeiro concerto de violinos convidou, por si, um violista, mais um. Por que não um violoncelista e outro? A professora Meila Tomé cuidaria desse naipe, mas aí já vieram violistas, contrabaixistas querendo professores. “E por aqui já passou uma lista de músicos e professores voluntários das orquestras sinfônicas da Unicamp e de Campinas”, disse Stecca.

Na Unibanda, Stecca matriculou seus filhos Jones e Júnia na percussão e Joene, na clarineta. Na época, liderava a Banda Anacleto de Medeiros, cujos instrumentistas, também animados com o interesse dos alunos da Comunitária, sugeriram a união dos dois grupos. Foi neste momento em que Stecca se viu à frente de uma grande orquestra-escola com proposta de atender, principalmente, a comunidade carente de 13 anos à terceira idade. Aos poucos, o diretor artístico e regente titular Stecca viu se realizando o sonho de ouvir obras importantes serem executadas por pessoas que puderam ampliar seus conhecimentos sobre prática instrumental, prática em conjunto, além de se expressarem por meio da música.

Stecca contou e conta, desde o início, com muitas mãos generosas, as quais faz questão de mencionar. Lembra que o primeiro concerto da Comunitária, em 18 de junho de 2001, contou com o reforço de professores da OSU. Em 2006, outras mãos se uniram neste grande projeto, com a criação da Associação dos Amigos da Orquestra Comunitária (Amocamp), também dirigida por ele, para captação de recursos e apoio administrativo ao grupo. Com o tempo, a associação ganhou um site (www.amocamp.org.br) e montou uma estrutura capaz de assistir os integrantes até na aquisição das partituras para estudá-las antes dos ensaios. “Cada instrumentista tem uma senha, com a qual pode acessar e imprimir as partituras e chegar ao ensaio conhecendo a peça”, explica. Stecca esclarece que a Amocamp é uma entidade civil de utilidade pública municipal, sem fins lucrativos, independente da Universidade.

Aos 37 anos de Sinfônica de Campinas, o músico da primeira turma de música da Unicamp hoje se alegra ao receber notícias boas sobre um ex-aluno da Unibanda, da Comunitária ou qualquer outro projeto que tenha participado. “Muitos deles hoje são professores no Projeto Guri, do Governo do Estado de São Paulo, além de terem obtido graduação em música em diferentes Universidades. Isso é gratificante. Mostra como a música pode mudar ou ser o desfecho da história das pessoas. É uma realização para um professor”, comemora Stecca. Não sem antes explicar a receita pra esses resultados: “Trabalho, trabalho e muito trabalho. Algumas vezes, as críticas são boas, outras, não. Tem que ter maturidade e não esperar que as oportunidades venham até si”.

A vinculação definitiva da orquestra à Preac, para o maestro, é o reconhecimento de um trabalho de 11 anos. Mas como “sonhos não envelhecem”, segundo Lô Borges, ele ainda quer ver a Comunitária atuando na iniciação musical de crianças a partir de 4 anos de idade, sem condições de acesso ao aprendizado de música. Em março de 2012, ele fundou ao lado da professora Sarah Selles a Orquestra de Flautas Transversais da Unicamp, dentro da Comunitária.

Stecca também foi o idealizador de dois projetos importantes da Comunitária: a gravação dos DVDs Concerto das Crianças, que revelou talentos infanto-juvenis de 6 a 16 anos de idade; e o Concerto Especial Maestro José Pedro de Sant’Anna Gomes, no qual são resgatadas suas músicas para camerata, banda e orquestra, em comemoração aos cem anos de falecimento. No primeiro, um solo de piano mostra porque o pequeno Nathan, de 10 anos, seguiu os caminhos do padrasto, Stecca, e da mãe, Sarah.

A trajetória iniciada nos coretos de Itapira e em “bate-latas” e “bate-panelas” domésticos ao redor da mãe, Iolanda, é enriquecida com algumas homenagens. Em 1992, 1999, 2003 e 2008, foi condecorado pela Câmara Municipal de Campinas com a “Medalha Carlos Gomes", em reconhecimento ao trabalho prestado nos campos artístico-musical e sociocultural. Outro reconhecimento importante para o maestro foi a indicação, em 2006, para ocupar a cadeira número 4 da Academia Metropolitana de Letras, Artes e Ciências (Amlac), tendo como patrono o compositor e maestro campineiro José Pedro de Sant’Anna Gomes, irmão mais velho do Maestro Antônio Carlos Gomes. A indicação foi um reconhecimento pelo seu trabalho sociocultural na Orquestra Comunitária da Unicamp e pelo resgate das músicas da família Gomes de Campinas. 

Durante sua carreira, Stecca foi convidado a alguns eventos internacionais. Em 1995, o maestro apresentou-se para estudantes de 1º e 2º graus japoneses durante sua participação na inauguração do Centro de Convenções Internacional de Nagaragawa, na cidade de Gifu no Japão, com o Grupo Yanagase – Grupo de Percussão Japonês de Taikôs (tambores japoneses). Também teve a honra de reger o primeiro trompetista da Boston Symphony Orchestra (USA) Charles Schlueter e a Banda Sinfônica de Sumaré no 1º Encontro Internacional da Associação dos Trompetistas do Brasil. Em janeiro de 2004, esteve na Espanha com a Banda Sinfônica Municipal de Madrid, onde estudou e trabalhou com regentes, compositores e arranjadores da Banda Sinfônica Espanhola. Em junho de 2009, foi convidado pela Fundação Filarmônica de San Pedro Sula, Cortés, Honduras, América Central a reger como maestro convidado a V Temporada de Concertos da Orquestra de San Pedro Sula.

Comentários

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Parabens Stecca pelas conquistas, frutos do seu trabalho sério e dedicado do qual tive o prazer de fazer parte

vania_vera@hotmail.com

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Stecca, tenho orgulho de participar de certo modo de sua trajetória, pois somos cada vez mais incentivados em ir atrás de nossos objetivos ao ver sucessos como o de sua carreira. Parabéns. Maurício (Trompete da Orquestra Comunitária).

marosi34@gmail.com

Comentário: 

Stecca, em breve meu Maestro Stecca - há poucos dias eu li o seu currículo e vi quanto de envolvimento existiu em sua vida para esse resultado atual. Competência aliada ao envolvimento. E, terei, orgulhosamente o prazer de dizer que, a partir de 06 de agosto, vc será também meu maestro, além de amigo querido. As segundas feiras também serão o dia mais feliz de minha semana. A história de D. Maria Olímpia é fantástica e lendo esse artigo entendi porque vc gosta tanto das bandas do interior. Parabéns a você e ao grupo. O melhor ainda vai começar!

luciahms@gmail.com

Comentário: 

Stecca, tenho o privilégio e a felicidade de fazer parte dessa Orquestra e principalmente por telo como Maestro ,sendo exemplo de incentivo e inspiração, parabéns. Marcelo (Trompete da Orquestra Comunitária).

cardoso.mmco@gmail.com

Comentário: 

Stecca, tenho o privilégio e a felicidade por fazer parte dessa Orquestra e principalmente de telo como Maestro, um exemplo como incentivo e inspiração. Parabéns, Marcelo (Trompete da Orquestra Comunitária).

cardoso.mmco@gmail.com

Comentário: 

Parabéns maestro pelo excelente trabalho, temos orgulho de tê-lo como nosso maestro!

maestroeliferreira@hotmail.com

Comentário: 

Prezado maestro Stecca,
li a reportagem e ela consolidou a admiração da nossa família pelo seu trabalho, pois reflete o seu compromisso com a comunidade.
Parabéns!

elenirsmoreira@yahoo.com.br

Comentário: 

Parabéns pelas conquistas, resultantes de sua trajetória, frutos de sua dedicação, adicionados ao seu excelente trabalho, o que nos traz também com bastante orgulho em tê-lo como nosso Regente.
Sem dúvidas nenhuma, sendo mais do que merecedor de todos estes atributos, nosso prezado amigo Stecca.

carlos.fray@gmail.com

Comentário: 

Meu Deus! Como me orgulho desse pai, parabéns! Você é um exemplo pra mim... Te amo muito maestro!!!!

justecca@yahoo.com.br

Comentário: 

Caro maestro, parabens pelo trabalho em pro a musica e a cultura.

maureple11@gmail.com

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