Técnica facilita absorção de medicamento na pele

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Luiza Pitassi conta que o laser ajuda a distribuir medicamento na pele
A dermatologista Luiza Pitassi, coordenadora do Ambulatório de Cosmiatria do Hospital de Clínicas

A pele tem a capacidade de absorver diversas substâncias. Algumas penetram as camadas mais superficiais e, outras, as mais profundas do órgão, podendo entrar inclusive na corrente sanguínea. A penetração de substâncias de cosméticos, por exemplo, nem sempre é possível por causa de barreiras naturais – como principalmente o estrato córneo (camada mais externa da pele, composta por queratina). Uma nova técnica, denominada drug delivery, vem sendo proposta para auxiliar a penetração de produtos tópicos nas camadas internas. Ela consiste na "entrega" de medicação na pele imediatamente após o uso de laser ablativo ou de microagulhamento, criando canais de abertura, o que facilita a absorção da droga. O assunto já é discutido mundialmente faz alguns anos, mas apenas mais recentemente a técnica vem sendo utilizada como uma das melhores alternativas. O drug delivery pode ser adotado para rejuvenescimento, estrias, cicatrizes, melasma, queda de cabelos, etc. A dermatologista Luiza Pitassi, coordenadora do Ambulatório de Cosmiatria do Hospital de Clínicas (HC), conta que o drug delivery tem sido empregado na Unicamp através de protocolos de tratamento na área de Cosmiatria e que, em breve, novos estudos serão desenvolvidos (por meio da elaboração de protocolos clínicos) para o uso desta técnica no tratamento do câncer de pele, o mais incidente no Brasil. A médica traz algumas informações sobre a técnica em entrevista concedida ao Portal Unicamp. Leia a seguir.  

Portal Unicamp - Qual a finalidade da técnica de drug delivery?
Luiza - É uma técnica que consiste na utilização de métodos para aumentar a permeabilidade da pele e melhorar a penetração cutânea de medicamentos. A absorção de medicamentos enfrenta um grande desafio que é a função de barreira da pele, que limita a absorção de muitos ativos. Somente algumas moléculas têm a capacidade de atravessar esta barreira, e a biodisponibilidade cutânea da maioria das drogas é baixa, variando de 1 a 5%.

Portal Unicamp - Como tem sido o seu uso?
Luiza - Recentemente, o uso de lasers como promotores de drug delivery tem demonstrado ótimos resultados na entrega de medicamentos na pele de forma uniforme e controlada. Os lasers ablativos (CO2 10.600nm e o Erbium YAG 2940nm) criam microcanais na pele chamados de microzonas térmicas que auxiliam nesse trabalho.  
 

Técnica combate melasma, rugas e estrias
Técnica ameniza melasma, rugas e estrias

Outro método de ablação do tecido associado à técnica de drug delivery é realizado por meio da radiofrequência fracionada com agulhas. Neste procedimento, a aplicação da energia é feita por meio de eletrodos finos na pele, com formação de microporos que permitem o transporte de drogas e macromoléculas, sendo utilizada para as mesmas indicações que os lasers ablativos.

Um outro exemplo é o uso de procedimentos com aparelhos de microagulhas através do rolamento de agulhas na pele, criando condutos que permitem que substâncias (desde pequenas moléculas até macromoléculas) possam penetrar. Estes microcanais facilitam a entrega da droga de maneira eficiente e podem aumentar em até 80% a absorção de moléculas maiores. Imediatamente após o procedimento, é realizado o drug delivery com aplicação dos princípios ativos através de uma massagem durante dois minutos nas áreas tratadas.

Recentemente, tem sido empregada ainda uma nova técnica chamada de microinfusão de medicamentos na pele (MMP®) para tratar várias doenças dermatológicas. Esta técnica permeia os medicamentos na derme de forma eficaz e precisa através de uma máquina que utiliza microagulhas, em movimentos de vai e vem, com velocidades e profundidades controladas.

Portal Unicamp - É algo inédito no Brasil? E, em outros países, como tem sido o uso de drug delivery?
Luiza -
Sim, é um tratamento novo que vem sendo estudado e realizado recentemente no Brasil, com vários protocolos clínicos para o tratamento de doenças dermatológicas. Esta técnica proporciona um aumento do número de princípios ativos que podem ser eficientemente transportados pela pele, com importância crescente na Dermatologia. A maioria dos estudos relacionados ao uso de laser e drug delivery são realizados com a participação de Rox Anderson, pesquisador principal na área de laser e fotomedicina da Harvard Medical School, Estados Unidos.

Portal Unicamp - Quais têm sido as indicações?  
Luiza - Na cosmiatria, as indicações mais comuns de drug delivery são para o tratamento de melasma, rugas, flacidez, cicatrizes traumáticas, estrias, cicatrizes de acne e queda de cabelos. Esta técnica também tem sido empregada no tratamento do câncer de pele. Já a terapia fotodinâmica (PDT) é um tratamento eficaz para os cânceres de pele superficiais não melanoma, ceratose actínica, mas as lesões mais espessas são mais resistentes ao tratamento devido à baixa profundidade de penetração das medicações fotossensibilizadoras. O pré-tratamento com laser na pele afetada mostrou aumentar a penetração destes agentes fotossensibilizadores, melhorando a eficácia do tratamento através da técnica de drug delivery.

Portal Unicamp - Quais são as substâncias mais empregadas para o drug delivery com laser?
Luiza - Em geral, são vitamina C, E, ácido ferúlico, ácido hialurônico, ácido polilático, ácido retinoico, toxina botulínica, metotrexato, 5-fluorouracil (5-FU), imiquimode, mebutato de ingenol, minoxidil, fatores de crescimento, ácido 5-aminolevulínico e metilaminolevulinato.

Portal Unicamp - O tratamento é indolor? Equivale a uma cirurgia?
Luiza - O tratamento não é totalmente indolor, mas é bem tolerado pelos pacientes. Aplica-se um creme anestésico tópico na área a ser tratada uma hora antes do procedimento, para reduzir a dor e o desconforto. Dependendo da indicação e do quadro clínico específico, o tratamento pode ser feito com anestesia infiltrativa ou, às vezes, até sob sedação em centro cirúrgico. Os pacientes têm que ser orientados a realizar o procedimento com um médico especialista, sendo fundamental que ocorra em ambiente médico e que siga os protocolos de antissepsia adequados.

Portal Unicamp - Esse procedimento substituir outros?
Luiza - É complementar ao tratamento de várias doenças dermatológicas. A técnica de drug delivery potencializa os resultados dos tratamentos já padronizados, facilitando a permeação de produtos tópicos nas camadas internas da pele e favorecendo uma resposta mais rápida e eficiente. Além de ser uma técnica promissora no tratamento de doenças de difícil resolução, há uma grande vantagem de diminuir o custo do tratamento, por usar uma quantidade precisa da droga e aumentar a resposta terapêutica.

Portal Unicamp - Quais são as suas contra-indicações?  
Luiza -
As principais contra-indicações dos procedimentos invasivos, onde ocorre ruptura na pele, são o uso de anticoagulante sistêmico, distúrbios hemorrágicos, diabetes mellitus não controlada, doenças do colágeno e infecção cutânea no local a ser tratado. Pessoas em uso de isotretinoína e imunossupressores também são contraindicações a realizar o procedimento durante o tratamento.

Portal Unicamp - A técnica drug delivery pode ser indicada a crianças e a idosos?
Luiza - Sim, no tratamento de doenças dermatológicas, mas o ideal é procurar o dermatologista especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, para que ele possa avaliar cada caso e sugerir o tratamento mais adequado.

Portal Unicamp - Quais os cuidados que devem ser tomados após o procedimento?
L
uiza - Imediatamente após qualquer um dos procedimentos associados à técnica de drug delivery poderá ocorrer ardor, sangramento, edema e uma leve tonalidade avermelhada, que podem durar entre dois e cinco dias, dependendo da técnica empregada e da resposta individual de cada paciente.
 

 

 

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Drug delivery tem como aliado o laser

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