Literatura Infantil (1880-1910)
O Lobo e o Cão (fábula de Esopo) Encontraram-se
na estrada Um
cão e um lobo. E este disse: “Que
sorte amaldiçoada! Feliz
seria, se um ida Como
te vejo me visse. Andas
gordo e bem tratado, Vendes
saúde e alegria: Ando
triste e arrepiado, Sem
ter onde cair morto! Gozas
de todo o conforto, E
estás cada vez mais moço; E
eu, para matar a fome, Nem
acho às vezes um osso! Esta
vida me consome... Dize-me
tu, companheiro: Onde
achas tanto dinheiro?”
Disse-lhe
o cão: “Lobo amigo! Serás
feliz, se quiseres Deixar
tudo e vir comigo; Vives
assim porque queres... Terás
comida à vontade, Terás
afeto e carinho, Mimos
e felicidade, Na
boa casa em que vivo!”
Foram-se
os dois. em caminho, Disse
o lobo, interessado: “Que
é isto? Por que motivo Tens
o pescoço esfolado” —
“É que, às vezes, amarrado Me
deixam durante o dia...” “Amarrado?
Adeus amigo! (Disse
o lobo) Não te sigo! Muito
bem me parecia Que
era demais a riqueza... Adeus!
inveja não sinto: Quero
viver como vivo! Deixa-me,
com a pobreza! —
Antes livre, mas faminto, Do
que gordo, mas cativo!”
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