Folhetos de cordel na alfabetização de adultos Entendendo o papel cultural e comunicativo dos folhetos 
 

Cristina Betioli Ribeiro 
Universidade Estadual de Campinas.

Pode-se dizer que hoje, a circulação de folhetos de cordel muito deve à existência da Editora Luzeiro, localizada no bairro do Brás, em São Paulo. O fundador e proprietário até 1995, Arlindo Pinto de Souza, baseou o comércio da Luzeiro na edição e venda de folhetos e, para isso, estabeleceu relações profissionais com os poetas populares nordestinos que reivindicaram autoria sobre a publicação de suas narrativas poéticas. Dessas relações, que acabaram tornando-se pessoais e afetivas, a principal foi a concebida entre Arlindo e Manoel D'Almeida Filho. Poeta popular de talento reconhecido no Nordeste e, por isso mesmo, revisor e selecionador de textos da editora, faleceu no mesmo ano em que a Luzeiro foi vendida a Gregório Nicoló, propulsor de novos rumos comerciais à editora. Contudo, a Editora Luzeiro trouxe muitos benefícios à circulação e venda de folhetos pelos poetas nordestinos: conferiu-lhes a autoria; "modernizou" as imagens das capas dos folhetos - antes xilogravuras - com figuras coloridas impressas nas tipografias da editora e manteve, sobretudo, relações de "compadrio" e confiança, recebendo as narrativas dos poetas, selecionando-as, segundo o aval de Manoel D'Almeida, e remunerando-os com uma significativa cota de folhetos impressos para serem vendidos no Nordeste. O acordo era satisfatório para ambos os lados e as relações profissionais baseavam-se na confiança pessoal. A venda da Luzeiro à Gregório Nicoló e, consequentemente os novos interesses comerciais da editora, não pareceram de bom augúrio a Manoel D'Almeida Filho que, no ano em que faleceu (1995), fez desiludida previsão: 

(...)
com a Luzeiro vendida,
meu coração disse a mim:
- Cuidado na sua vida!
O cordel chegou ao fim...! (1)

O auge da literatura de cordel na Luzeiro deu-se no início da década de 80, quando as tiragens atingiam, em média, 15 mil folhetos em um ano.(2) Atualmente, está em decadência. Segundo depoimento do poeta João Firmino Cabral,

"(... ) a época áurea da literatura de cordel [foi] nos anos de 60 a 70. Havia muitos vendedores da literatura de cordel e era muito propagada. Os vendedores chegavam nas feiras, armavam seu serviço de alto-falantes, cantavam, o povo ria e comprava muito, porque ouvia a propaganda do mesmo. Mas, com o tempo, alguns desistiram, outros morreram, outros mudaram de ramo, e hoje existem poucos cordelistas, e a divulgação da literatura de cordel é muito pouca, por isso ultimamente têm-se vendido menos." (3)
Veremos que existirão ainda outros fatores, além da questão da divulgação, que interferirão na venda de folhetos. Contudo, João Firmino está certo ao mencionar uma "fase áurea". Para melhor se abordar essa fase, trataremos um pouco, a princípio, das origens do que se conhece por "literatura de cordel". Na realidade, ela passou a existir a partir das cantorias orais, existentes já no final do século XIX (4). A vigorosa prática cultural dos cantadores nordestinos levava-os a arrebatar públicos ouvintes com sua genialidade em improvisar redondilhas e rimar versos em narrativas espirituosas e desafios. A mobilização do público e dos poetas - que se confundiam - em torno dessas manifestações artísticas era intensa; havia uma identificação e apreciação mútuas.
Predominava a oralidade. Talvez por isso, no início do século XX, alguns poetas começaram a registrar as narrativas e desafios memorizados no formato impresso do folheto. A memorização era característica. A forma poética das narrativas era rigorosa e regular - normalmente, versos setessilábicos com rimas ABCBDB. A regularidade na estrutura poética favorecia a memorização, que é, sobretudo, proeza típica de culturas de tradição oral e representa o principal meio de se transmitir o pensamento/sentimento social. O curioso foi que o advento dos folhetos não exigiu do público o requisito de "leitor": a propagação e apreciação das narrativas continuaram acontecendo através da memorização e das performances orais. Inclusive, a qualidade das performances conferia aos cantadores o estatuto de sábios e astutos. 

Ainda no início do século XX, poetas populares como Leandro Gomes de Barros e Francisco das Chagas Batista começaram a compor narrativas variadas - de época, de amor, de sofrimento, de valentia, etc. - e registrá-las em folhetos cuja impressão dava-se em pequenas tipografias próprias. As capas eram normalmente ilustradas com xilogravuras do autor ou de outro artista. A venda dos folhetos - geralmente também prática do próprio poeta, principalmente como meio de sustento dele e da família - acontecia nas conhecidas feiras nordestinas, nas quais, como foi mencionado no depoimento de João Firmino,

"os vendedores chegavam [...], armavam seu serviço de alto-falantes, cantavam, o povo ria e comprava muito, porque ouvia a propaganda do mesmo." 

Qualquer um comprava. Homem, mulher, criança, leitor e não-leitor. Como a tradição de contar histórias - com as respectivas performances orais - ainda era intensa na primeira metade do século XX, as pessoas se reuniam em casas de conhecidos para ouvirem o contador, muitas vezes um analfabeto de extraordinária memória. Era o melhor e mais apreciado entretenimento. Na década de 60, o cordel sofre um declínio, devido principalmente à inflação nacional e outros fatores, como a auto-censura dos poetas (5). A partir de 70, reascende com o apoio dos interesses e pesquisas universitárias. É um período conturbado, mas é exatamente o recortado por João Firmino como a "fase áurea" dos folhetos. Vê-se que, por essa razão, o declínio das vendas de folhetos não se deu somente pela "pouca propaganda". Houve razões políticas e sociais, além do advento da televisão e da crescente dinamização da mídia e dos meios de comunicação. Apesar disso, a prática de se contar histórias continua a fazer parte da tradição cultural nordestina e, por isso, além de agradar muito aos "antigos", acaba atingindo também os mais jovens, como relata Inácia Maciel em entrevista à Silvana Vieira de Sousa, em 1995: 

"Sabe por que eu conto ainda? Porque meus meninos todos os dias quando nós acaba de fazer a luta assim eles dizem: mãe, conta aí uma história. Aí eu ia contar as histórias para os meninos ouvir. Meus meninos também sabe todas essa que eu conto. Olhe! Esse aqui é neto, mas, é eu contando aqui a história e ele dizendo ali, porque o pai conta." (6) 

E completa: 

"Eu sei minha filha que o povo era assim, você sabe, no tempo antigo todo mundo só conversava história de Trancoso. O povo não se entretinha com televisão, com essas coisas assim. Aí todo mundo só queria aprender a contar história, não é?! A gente só se valia de contar história mesmo: trabalhar no roçado e de noite contar história para os outros ouvirem. Que a gente não tinha em que se entreter. Agora a gente se entrete só na televisão, nessas histórias que conta lá." (7) 


As vendas diminuíram, mas não o gosto pelas narrativas. Ainda no apogeu do cordel, que parece ter sido mesmo entre 40 e 50, sabe-se que a propagação oral das histórias - próxima ao trânsito dos folhetos impressos - permitiu que muitas pessoas se auto-alfabetizassem. Esse fato indica que, de alguma maneira, a capacidade de memorização do texto, associada ao interesse em conhecê-lo e à presença da forma escrita, leva o indivíduo a apreender espontaneamente a leitura. É o que relata o poeta Severino Feitosa:

"Naqueles livros, na Bíblia Sagrada, na Bíblia não, ou melhor no Novo e Velho Testamento o meu pai me ensinou as primeiras letras (o cantador tinha, à época 12 anos). E tá de eu ter aprendido naquilo, então eu decorava o conteúdo da história. Aí eu... quando eu aprendi a ler no Velho Testamento, eu já estava sabendo ler... e daquilo ali eu podia pegar então em qualquer um livro que eu lia e então quando a gente entrava em debates assim nas farinhadas eu vencia o meu primo porque eu sabia ler! Ele não sabia, eu sabia. 
Entendeu? Entendeu como é que é? Eu já... aparecia, porque aquele povo todinho religioso e eu já dizia cantando quem era Moisés, eu já dizia quem era Jó (...) José do Egito, eu já dizia que José do Egito foi menino muito sofredor e tal e tal. Eu até me comparava com José do Egito e tal. Já falava de Esaú, já falava de Sansão e da traição de Dalila, que aprendia aquelas lições pra poder aprender as letras... E aquilo eu decorava tudinho, lendo. E aquilo ali eu passava. Aí eu lia Geografia, lia História do Brasil e fui aprendendo a ler." (8) 

O poeta relata que aprendera a ler com a Bíblia, mas através do mesmo processo que se apreendem as histórias dos folhetos, decorando primeiro: "quando eu aprendi a ler no Velho Testamento, eu já estava sabendo ler... ". Além disso, ele reforça seu talento ao afirmar que além de aprender a ler sozinho, "já dizia cantando quem era Moisés" e se comparava a José do Egito. Ora, o valor da performance é também indispensável em seu relato. 

Outro poeta, Manuel Caboclo e Silva (Juazeiro do Norte - CE), em entrevista a Mauro William Barbosa, aponta categoricamente a importância da literatura de cordel na alfabetização de nordestinos: 


"Digamos que o matuto não entende, ou está no mobral. Aí, pega um folhetim daquele, vai ler. (...) É uma escola pra ele. (...) Principalmente essa classe pobre, desprotegida, esse pessoal que mora pelas serras, pelos bosques, pobrezinhos que não têm uma televisão, um rádio. Aí vão ler aqueles folhetos e vão aprendendo. (...) Mesmo ouvindo ele está aprendendo. (...) De qualquer maneira ele está aprendendo a palavra. É como nós estar ouvindo televisão. Televisão nós não sabe o que vai passar. Mas quando o jornalista se apresenta na televisão, ou o político, ele vai explicando pra gente e a gente vai caindo no sentido dos acontecimentos do mundo. E o folheto está dando os acontecimentos também de coisas passadas, de coisas presentes ou mesmo de coisas futuras, como as previsões, hã? Então eu acho que de qualquer maneira, o senhor que trabalha nas letras, o senhor que está escrevendo um livro sobre a sabedoria humana - porque isto é sabedoria humana, não é? - Cordel, a literatura de cordel, aí quando escrever vocês toda vida botem uma crasezinha lá numa partezinha no sentido de que a literatura de cordel está ajudando, de que é uma centelha do progresso, é uma integridade do povo, é ajuda aos governos. Porque a gente ajudar o governo não é só pagando os impostos não." (9) [grifo meu] 


Baseando-se nessa mesma idéia de contato com o cordel que João Martins de Athayde, em entrevista cedida a Orígenes Lessa, afirma:


"Sou um analfabeto que sempre viveu das letras... Cheguei a ter alguns recursos, mas tudo saído das letras." (10) 


O poeta Manuel Camilo explicita o caso de um analfabeto em contato natural com a escrita, fato comum na prática de propaganda e venda de folhetos:


"Não viu aquele analfabeto que esteve aqui? Canta muito bem. Dá gosto. O pessoal até pensa que ele sabe ler, porque ele canta olhando a página do folheto aberto. E vive disso muito bem."(11)


O processo auto-didático "ouvir - decorar - ler" fez com que Sebastiana Andrade aprendesse a ler e, percebendo sua capacidade mnemônica, queixa-se por não ter tido a oportunidade de freqüentar a escola:

"A coisa que eu mais tinha vontade no mundo era de aprender a ler, mas não me botaram na escola. (...) Botaram os outros mas não aprenderam nadinha. Se ... eu tinha a maior vontade, eu lia a carta de ABC sem ninguém me ensinar. Eu tinha cabeça... As histórias eu aprendia era logo. Não passava tempo não! Tinha a memória tão boa que aprendia era logo." (12)[grifo meu]


Luiza Lima é ainda mais enfática ao relatar sua vontade de estudar e seu potencial, contando que com isso levou adiante o auto-didatismo: 


"Tinha era vontade, mas meu pai não botou as filha fêmeas na escola não! Botou um macho que tinha. Aprendeu foi muito! Ele botou uma escolinha na casa dele, ensinou os menino. Olhe, eu aprendi a carta de ABC em quinze dias. Aprendi todinha. Aí comprei logo um livro de primeira leitura. Ainda li foi muito nele a lição ele ensinando. Ainda li foi muito. Mas me esqueci de tudo. A gente vai trabalhar. O meu pai dizia: Essas que vão para a escola é apara ir apanhar algodão! E o roçado alvinho de algodão. Aí a gente ia apanhar, aí deixemos de ir para a escola. Mas eu tinha era memória para aprender."(13) [grifo meu] 


Baseando-me nesses relatos e na importância da literatura de cordel no Nordeste, pensei na possibilidade de alfabetizar adultos nordestinos através da leitura de folhetos. O próprio poeta João Martins de Athayde, no folheto A desventura de um analfabeto ou o homem que nunca aprendeu a ler, que parece ter sido o primeiro a tratar do tema "analfabetismo" na década de 40, já lamentava a condição do nordestino analfabeto:


(...)
Mas, ai! de quem ignora
o quanto vale a instrução 
de si próprio se deplora
sofre a mais negra opressão
serve até de zombaria
o direito, a garantia, 
que merece o cidadão. 
(...) (14) 


E o poeta está certo. O homem - principalmente o nordestino - na condição de analfabeto, sofre "a mais negra opressão", mesmo quando dotado da incrível capacidade artística de compor e declamar infindáveis versos memorizados.

Alfabetizando com narrativas orais

É de se imaginar que, com a idéia de alfabetizar adultos nordestinos através de um trabalho baseado na leitura oral de folhetos e na expressão artística dos "aprendizes", encontraria dificuldades: estava no estado de São Paulo, mais precisamente em Campinas, e tinha ao meu alcance grupos e movimentos de alfabetização tradicionais.

A primeira dificuldade foi encontrar as pessoas: nordestinos adultos migrados para Campinas e interessados em participar das atividades propostas pelo projeto; a segunda, integrar-me a movimentos em andamento que aceitassem, sem resistência, a minha proposta. Mesmo diante de tais problemas, consegui realizar um trabalho temporário com um grupo de mulheres de terceira idade, coordenado pelo Movimento Abrindo Portas, na Igreja Santa Isabel, em Barão Geraldo (Campinas). Foram-me proporcionados quatro encontros nas férias de julho - os coordenadores do Movimento viam meu trabalho como uma forma de entretenimento - mas, ainda assim pude observar resultados especiais. As "alunas" que freqüentaram o curso mais assiduamente foram Josefa (alagoana), Eulâmpia (mineira) e Helena Bianco (mineira), certamente as mais entusiasmadas. Suas idades variavam entre 50 e 70 anos. Apesar de não serem todas nordestinas, interessaram-se muito pelas narrativas dos folhetos.

No primeiro encontro (15), sentamos em círculo - boa parte do grupo estava presente nesse dia - e eu, portando um gravador, falei sobre os folhetos e os apresentei. Josefa, a senhora alagoana que estava ao meu lado, acrescentou comentários entusiasmados à minha fala, referindo-se às feiras e à declamação de folhetos: 


"É, nossa! Eles vai na feira, fica aquela multidão, e fica tudo e pára pra escutar, e daí quando ele olha pra você, fala: 'Ah! Fulano de tal, sua roupa então é assim, assim, assim... a do outro é assim, assim, assim...' É bonito, gente! É coisa muito bonita!" 


Pedi então que elas escolhessem um folheto para que eu lesse em voz alta. Curiosamente, como na visita que fiz ao grupo de alfabetizandos na Moradia Estudantil da UNICAMP(16) - coordenado pelo mesmo Movimento - escolheram Palavras do Padre Cícero, de José Francisco Borges. A razão da escolha pareceu-me ser a marcante religiosidade delas. Especialmente a de Helena Bianco:

"Qual vocês querem que eu leia?" [Cristina]
"Esse daí de quem que é?" [Helena] 
"Esse aqui chama "História de Zezinho e Mariquinha", de João Martins de Athayde. Tem aquela ali, que é a história da Donzela Teodora, aí tem essa do Padre Cícero..." [Cristina]
"Ah! Esse que é do padre Cícero?! Ah, então lê esse do padre Cícero! Eu me interessei mais!" [Helena]
Durante a leitura do folheto, cada estrofe da narrativa era acompanhada de suspiros e admiração de Helena (uma das mulheres mais idosas do grupo): 
"(...)
Bonito é se ver o povo
Em fila andando a pé 
Cantando os santos benditos 
De Jesus de Nazaré 
Com fé em nosso padrinho 
Jesus Maria e José." [Cristina] 

"Olha que bonito!" [Helena]

"Ou terra abençoada
É Juazeiro do Norte
Onde meu padrinho viveu
Com o seu milagre forte
Quem não vesita esta terra
Com a vida não tem sorte." [Cristina]

"Você já pensou que lindo, né?!" [Helena] 

Ela se encanta com a descrição de Juazeiro do Norte:

"Ai, que lindo! É igual à Aparecida do Norte, né? É igualzinho!"

Comenta-se sobre as duas cidades. Vendo o entusiasmo de Josefa, pergunto se ela se lembra de alguma narrativa ou de alguns versinhos... Um pouco envergonhada, especialmente "para eu gravar", ela declama: 

"Vou te contar minha sina
te conto com paciência
por causa da tua ausência
uma grande saudade horrenda
Para chorar tenho pena
com o meu sentido longe
vivo em vida de monge 
com o juízo desinquieto 
não posso te ver de perto
adeus te digo de longe."

O grupo admira-se e eu faço elogios a ela. Em seguida, recita mais um: 


"As minhas imaginações
eu sou obrigada a contar
se eu contigo não casar
não caso com mais ninguém
outro para mim não tem
nem também pode haver
Se ainda mesmo nascendo
Você não se arrepender
Só me caso com você."


Riso geral. Josefa chama a atenção para Eulâmpia:


"A Eulâmpia que é bacana, ela fala cada um bonito!" 
Então Eulâmpia se levanta para declamar de pé e interpretar o poema que conhece, digno de uma boa performance:


"Vou falar a de Sete de Setembro. 'Sete de Setembro':
Assim que entrei na escola
disse com satisfação
'Preferia um jogo de bola
do que estudar a minha lição.'
Mas é porque eu não sabia 
o valor que tinha a escola
sei ler e escrever
faço conta e sei História
Nas minhas horas de folga,
também chuto a minha bola
Jamais, eu não troco um brinquedo 
por um dia de escola."

Todas riem e aplaudem. Como Josefa, ela se sente motivada e segue sem hesitar:

"Cabecinha Sem Juízo:

Em casa todos me chamam 
de Cabecinha Sem Juízo
já ´tô ficando mocinha
de outros modo eu preciso.
A mamãe ralha comigo
o papai já nem se fala
eu derramo um copo na mesa
faço um barulho na sala.
Ontem eu disse à mamãe:
'O rato e o pintinho, o gato comeu!'
O meu avô que ouve pouco,
logo disse que fui eu." 


Mais risos e aplausos. Enquanto se especulava se mais alguém recitaria, Eulâmpia, ainda de pé, agora se oferece:

"Deixa eu recitar 'Filho sem pai'? Acho que nós aqui, ninguém tem pai...
'Sete de Setembro: Filho sem pai':

Quando papai morreu
deixou tudo o que tinha
deixou um saco de feijão,
deixou um saco de farinha,
deixou um galo velho
e também uma galinha.
Passado um mês,
mas que triste sorte foi a minha...
A raposa comeu o galo,
o tatu comeu a galinha,
deu caruncho no feijão,
e deu mofo na farinha
catapora na preta velha
e sarampo na pretinha."


As ouvintes entusiasmam-se ainda mais! Novamente pergunta-se quem lembra mais versos... Então Josefa inclina-se a falar e recita, mostrando memória incrível, uma narrativa de cordel completa:


"Eu vou falar um!
 

Leitor, eu vou te contar
uma história interessante
de um rico senhor de engenho
porém sendo protestante

Não acreditava em nada
era uma cobra assanhada
sendo um rico ignorante

Quando nascia um menino
ali não se batizava
em seu engenho de açúcar
moça ficava caduca,
rapaz nunca se casava."


Josefa faz então uma pausa para se lembrar da continuação. Helena a anima, dizendo que "é só pensar que vem!". Lembra-se e segue:

"Um belo dia desceu
um curumba do sertão
andava atrás de serviço
no engenho do dragão

Estava necessitado
precisava demorar
disse o cabra 'Seu curumba,
pode ir se agasalhar
que no engenho do dragão
que muito serviço tem
o senhor pode se arrumar.'

Curumba chegou no rancho
sua rede foi armar
pôs a mão encomendou-se 
benzeu-se e foi se deitar

Já estavam tudo acordado
não tinham apagado a luz
saltou um velho avexado
'Você é crucificado
aqui falando em Jesus'

O curumba respondeu
'Não tenho medo de nada
e nem também de rebu
não vou deixar de crer em Deus
pra mó de crer em doutô
Doutô na terra é um anjo
grande é Nosso Senhor.'

'Cala boca, deixa estar
deixa ele trabalhar
algum dia ele vai me dizer
aonde é que Deus está.'

Ali mexia um tacho
de um tal de Pedro Miguel
com todo o orgulho que tinha
rancou do dedo o anel
e jogou no tacho de mel

'Só digo que existe Deus
e a Virgem da Conceição
esse anel desse tacho,
você vai me tirar com a mão.'

O curumba aí falou
'Com fé em Deus vou tirar
só não posso tirar ele
só se eu não encontrar.'
Facilmente achou o anel
E ao doutô foi entregar.

Quando o doutô viu aquilo,
caiu sem fala no chão
'Me perdoe Jesus Cristo
e Maria Imaculada
vá morar junto comigo
nunca mais me faça nada.' 


Há nova agitação. Espanto-me com a memória e interpretação de Josefa. Outras senhoras presentes - Helena Bianco e Helena Toné - lamentam não se lembrarem de nada (pessoalmente, parece-me até que a performance de Josefa as "oprime" um pouco...). Enquanto se discute quem será a próxima declamadora, Josefa não se contém, cada vez mais à vontade:

"Pois eu mandei fazer uma casa,
com dez frentes e dez janelas
cada janela dez moças
cada moça dez vestidos
e cada vestido dez bolsos
cada bolso dez cruzados
Companheiro faça as contas
Que eu já estou abaseado!"

Risos e comentários. Eulâmpia explica como reconhece as letras e do gosto e facilidade que tem para escrever, diferente do que tem para ler. Eu anuncio que quanto mais versos elas lembrarem, mais poesia terei para trazer transcrita e digitada. Em meio aos comentários favoráveis a essa idéia, entra mais uma vez Josefa: 

"Eu te mando uma lembrança
dentro do gomo de cana
pra tu saberes ingrata,
de longe também se ama.
O amor de perto é querido
de longe é mais estimado
o de perto me dão grande
o de longe me dão cuidado."

Para incentivar as outras senhoras a declamarem também, o coordenador do Movimento Abrindo Portas que estava presente, narrou uma história em prosa. Ao terminar, Helena comentou e, em seguida, Josefa, sem mais espera:

"Eu comprei uma galinha
por quatro mil e quinhentos
eu bati na anca dela
os pinto piaram dentro
Eu gritei à mulher velha
'Nossa sorte está segura!
É vinte e cinco arrepiado
dez nanico e oito [sura]!' " 

Muitos risos. Helena comenta:

"Tá dentro do ovo ainda, né? [ri] Tá dentro do ovo e ela já sabia a raça que vinha, hein? É, Zefa!"

Depois de muita espera e insistência, Helena acaba recitando os poucos versos que se lembra, afirmando serem de cantigas de roda:

"Dolin dolê, dolin dolá
tocar viola para nós dançar
Aí vem o Zeca da perna torta
Tocando flauta com a Maricota." 

E continua: 

"E tem essa também: 

Quando eu era pequena
andava de pé no chão
nenezinho quando dorme 
põe a mão no coração."

Eulâmpia anima-se com os versos das cantigas e se lembra de mais uma: 

"Pulga toca flauta
perereca violão
o piolho pequenino
também toca rabecão.

Aí vem a Dona Pulga
vestidinha de balão
[...]
na entrada do salão."


Após recitar, Eulâmpia faz algumas tentativas de leitura: soletra, com dificuldade, o nome do autor de um folheto. Não tem muito sucesso na sua tentativa e o restante do grupo, procurando auxiliar, também não. Depois de finalmente conseguir pronunciar "José", Eulâmpia faz alguns comentários sobre sua escrita; Josefa até então pensativa, começa espontaneamente a recitar: 

"Sois lua, sois sol, sois sombra
sois o Cruzeiro do Sul
Sois a luz da lamparina
eu sou o Sete estrela Azul."

Uma pequena pausa, e ela segue:

"Um só [posto] vai doente
se não sangrar ele morre
O amor é como o sangue
que por toda veia corre."

E, terminando essa incrível sessão de declamações, a tímida Francisca (baiana) encoraja-se a recitar:

"O Nilton é um cravo
a Patrícia um botão
Maria Olímpia é uma rosa
que prendeu meu coração." (17)

Elas aplaudem e riem. Passam então a observar e escolher o folheto para eu ler. Sugiro A Chegada de Lampião no Inferno, de José Pacheco. A reação é imediata:

"Credo, Ave Maria!" [Helena]
"Essa aí é boa!" [Josefa]

Inicio então a leitura. Josefa se diverte e ri bastante. Ao começar a ler a terceira estrofe, Eulâmpia me interrompe e a recita de cor. Todos se surpreendem e riem:


"Morreu o pai de Canguinha
a mãe de Forrobodó
100 netos de Parafuso
um cão chamado Cotó
escapuliu Boca Ensoça
e uma moleca moça
quase queimava o totó."  

Peço para que ela então conte a história, mas ela diz não se lembrar mais. Quando termino a leitura elas riem, mas especialmente Josefa, que aplaude efusivamente! Eulâmpia explica a razão de ter memorizado aquela estrofe do folheto: 

"Eu, hein?!... porque meu marido, ele era de Pernambuco e ele lia isso aí de cor, do começo ao fim, e ele era tão safado que ele não tinha leitura, mas ele pegava o livro pra dizer que ele sabia..."
"Que sabia, né?" [Josefa]
"Por isso que eu consegui falar aquele pedacinho..." [Eulâmpia]

Apesar de não ser nordestina, Eulâmpia tomou contato com o folheto através do marido pernambucano e, como ouvinte próxima e constante, memorizou, espontaneamente, uma estrofe da narrativa de Lampião (hoje viúva, afirma que isso foi há muito tempo). Além disso, seu relato mais uma vez aponta o contato natural que o analfabeto nordestino tem com o folheto: "ele não tinha leitura, mas ele pegava o livro pra dizer que ele sabia..." e, declamando "de cor, do começo ao fim", convencia. A partir da fala de Eulâmpia, Josefa comenta o quanto aprecia ouvir histórias:

"É, mas quando a pessoa sabe ler pra ficar contando história, eu fico o dia inteirinho assim, olha, de boca aberta! (...) Fico escutando os outros contar..."

Helena também gosta, mas demonstra repulsa pelo folheto que fala de Lampião:

"Tem uma história que é bonita, né, mas essa não é bonita não! (...) Essa daí é de arrepiar o corpo!"

Josefa discorda: 

" Mas é bonita!" [Josefa]
"Eu acho mais bonita é a do Padre Cícero, aquela é linda! Mas essa daí... tem um trecho aí que não é bom não! Só falar daquele bicho, a gente arrepia, né?" [Helena] 

Elas mostram claramente divergências sobre o que é "belo" nas histórias. 

Todavia, Josefa parece ter também se encantado com o folheto do Padre Cícero e pede-me emprestado para copiá-lo (ainda que com dificuldade); Helena entende que ela vai copiar a história de Lampião e fica indignada:

"Essa daí eu vou tampar o ouvido!"

Josefa, referindo-se então ao folheto do Padre Cícero: 

"Mas esse daqui?! Por que vai tampar o ouvido?" [Josefa]
"Não! Aquele lá..." [Helena]
"Eu falei que ia fazer esse daqui, não foi aquele lá!" [Josefa]
"Esse daqui tá bom! (...) Esse você pode ler até 200 vezes que eu estou ali, prestando atenção... pra mim gravar na cabeça! Agora aquele lá, aquele é meio feio!" [Helena; grifo meu]

Helena demonstra interesse em ouvir o folheto, que tanto apreciou, quantas vezes forem necessárias para memorizá-lo (diferente de Josefa, em nenhum momento cogita a possibilidade de copiá-lo para conservar o registro escrito). Conta então a história de João Domingos, amigo de Lampião. Diz que foi conhecido de seu finado sogro e que ela tinha tanto medo do homem, que queimou a única fotografia que o marido possuía dele. Mais uma vez, Josefa reage em discordância: 

"Mas o papel não é nada! Isso é ilusão sua! Pra quê que tem o pedaço de papel aqui? Pra quê?"

Nesse momento, elas mostram concepções diferentes dos limites que estabelecem entre realidade e ficção. Josefa aprecia a história como arte e ficção, desenvolvidas de maneira admirável pelo poeta "no papel"; Helena, além de entregar-se ao deleite da narrativa, aproxima-a da realidade, repudiando o que puder afetá-la na vida real. O que as aproxima como ouvintes é o envolvimento e atenção que dispensam à narração das histórias.

Nos dois encontros seguintes (18), levei às senhoras de terceira idade as suas declamações digitadas em folhas com seus respectivos nomes. Elas encantaram-se com o material e sentiram-se lisonjeadas ao ver todas as suas declamações reproduzidas em folhas impressas. Antes mesmo que eu mostrasse as folhas e dissesse o que ia fazer, Helena declamou um poema - aparentemente improvisado - em minha homenagem, seguido de um caloroso abraço de agradecimento:

"... não podia estudar
agora que eu tenho uma idade alcançada,
nas costas, é de a gente admirar
e... agradecer as professoras
principalmente a Cristina
Deus vai te abençoar!
E ela merece um abraço apertado..."
E Josefa completa: 
"Que agora vou te dar! Que agora eu vou te dar!"

Helena se emociona. Em seguida, Josefa me devolve o folheto Palavras de Padre Cícero e me entrega seu caderno para eu corrigir a cópia completa que fez espontaneamente do mesmo. Depois, empresta-me um antigo folheto seu, A filha que bateu na mãe e virou cachorra, para que eu copie para mim e leia para o grupo.

Precipito-me ao pedir que elas tentem reconhecer as palavras que recitaram, no papel impresso: ainda é cedo para tal tentativa (mas há também a pressão dos coordenadores por "um resultado concreto", apesar de já termos obtido muitos!). Elas se atêm à decodificação, como aprenderam antes dos nossos encontros, através de métodos tradicionais de alfabetização. Ao perceber que essa atividade seria custosa e diferente do que imaginei, proponho ler para elas o romance Os Sofrimentos de Alzira, de Leandro Gomes de Barros. 

O folheto conta as desventuras de uma heroína tipicamente cristã que, cobiçada pelo cunhado ardiloso, acaba sofrendo duras penas; é salva sobretudo por sua bondade e devoção a Deus, o que involuntariamente pune os malfeitores. Ao final da narrativa, Eulâmpia comenta:

"Vamos cada uma falar alguma coisa? Sabe o que eu senti? Vou falar bem rápido pra não tomar muito tempo... Eu senti assim, até mesmo um pouco de lágrima no olho porque eu, na minha igreja que eu sirvo, a gente tem um livro lá com um nome... é... o [ri]. Então nele explicam tudo, que nada mais, não tem nada mais que Deus! Ele é em primeiro lugar! Ele é sobre todas as coisas! Até tem um hino que a gente canta assim: Mas não adianta, porque tudo, tudo Deus vê. Se nós esconder atrás da porta, Ele vê, nós pode enfiar debaixo d'água, Ele vê, nós pode cobrir de terra, tudo Deus vê! Porque Deus é um Deus que Ele é todo poderoso, né? Ele é... não viu? Que tudo... que coisa, né? Muito bonita!"

Helena completa, sobre a personagem Alzira:

"Ela era muito apegada com Deus, né? E é o que salvou ela, né?"

Eulâmpia refere-se então ao personagem-vilão, cunhado de Alzira no romance: 

"E o ingrato... Mas na verdade, esse tipo de história aí acontece no Brasil!"

Eulâmpia narra então uma história semelhante a de Alzira, que aconteceu com ela: foi também cobiçada pelo cunhado e identificou-se com os sofrimentos da personagem. O encontro termina com o longo relato de Eulâmpia e com uma discussão sobre religião e valores morais e católicos do comportamento humano.

No último encontro (19), a pedido de um dos coordenadores do Movimento, o grupo leu dois pequenos poemas entregues por outra coordenadora no dia anterior: As meninas, de Cecília Meireles e O gato, de Vinícius de Moraes. Cada uma leu um verso. A atividade durou mais de uma hora. Depois, apesar de cansadas, ainda ouviram com muito interesse e atenção a leitura que fiz do folheto Romance de Jacinto e Esmeraldina, de José Costa Leite. A escolha não foi arbitrária: também a pedido dos coordenadores, optei pelo folheto que continha no título e no conteúdo a letra J, que estava sendo ensinada. No final da leitura, os indispensáveis comentários:

"Doeu muito, mas venceu a batalha, né? (...) Como um dia esses dois juntos, só um amor forte mesmo, né?" [Helena Bianco] 
"No começo é assim mesmo, os pais quando dizem que não, é não mesmo... (...) Hoje os pais não seguram mais os filhos..." [Helena Toné]
"Os pais arrumaram o namorado que eles queriam, né?" [Helena B.]
"Eles dizem não..." [Helena T.] 


Como atividade sugerida pelo coordenador, vejo-me na situação de fazer um ditado. Helena Toné despede-se para ir fazer almoço e cuidar do filho doente. Escolho uma estrofe repleta de letras J. Mais uma vez, a turma apresenta extrema dificuldade e leva muito tempo para realizar a tarefa. O encontro termina com o ditado de apenas dois versos da estrofe selecionada. Tal atividade acaba frustrando o que poderia ter surgido espontaneamente após a leitura do folheto...

O conflito entre a minha proposta e o método conservador de alfabetização adotado pelo Movimento inviabilizava o trabalho: a expectativa do grupo, ainda que entusiasmado com minhas leituras, voltava-se constantemente para atividades escolares tradicionais. Durante esses encontros, pude perceber que, apesar da participação e interesse da turma pelas minhas narrativas, havia também uma certa expectativa para com exercícios escolares; as senhoras pareciam esperar o momento em que começariam as tarefas. Isso teve, inclusive, um reflexo na freqüência da turma. Algumas senhoras que estiveram presentes no primeiro encontro chegaram à conclusão de que eu estava oferecendo apenas entretenimento, então, "aproveitariam para descansar nas férias". Como mencionei no início, as mais assíduas foram realmente as mais entusiasmadas. Assim, por um lado, sentiam-se desestimuladas por não notarem respostas imediatas ao que consideravam alfabetização efetiva; e tinham ansiedade em obtê-las, pois afirmavam já não terem mais muito tempo para aprender...

O mais gratificante foi perceber que, com tão poucos encontros, obtive muito mais resultados do que imaginava. Não houve tempo suficiente para experimentar a proposta inicial (reproduzir, paulatinamente, o processo ouvir - decorar - ler), mas foi possível realizar e observar uma série de outros acontecimentos envolvidos nesse processo. Acompanhei, desde o estímulo à auto-estima de cada uma daquelas senhoras, até os mais diferentes tipos de reações e reflexões sobre as histórias dos folhetos de cordel, reflexo do interesse e atenção com que as ouviam (independentemente da extensão das narrativas). Além disso, pude explorar o que de melhor elas tinham a oferecer dentro de seu universo de oralidade: suas memórias e experiências de vida.
 
 

Notas

1 SOUZA, Ana Raquel Motta de. Editora Luzeiro: um estudo de caso. [On line]: link Ensaios, http://www.unicamp.br/iel/memoria. Entrevista realizada com Telma D'Almeida Gomes (filha do poeta Manoel D'Almeida Filho), em 1995.
2 Idem. Entrevista realizada com Arlindo Pinto de Souza, em 1994.
3 Idem ibidem. Entrevista realizada com João Firmino Cabral, em 1994.
4 Cf. ABREU, Márcia. História de cordéis e folhetos. Campinas: Mercado de Letras, 1999.
5 Cf. MEYER, Marlyse (seleção e estudo crítico). Autores de Cordel. São Paulo: Abril Educação, 1980. 
6 SOUSA, Silvana Vieira de. Cultura de falas e de gestos: história de memórias. Campinas: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, UNICAMP, 1997. (Dissertação de Mestrado), p. 43. Entrevista realizada com Inácia Maciel (63 anos, agricultora aposentada e analfabeta) em fevereiro de 1995.
7 idem, p. 57.
8 ABREU, Márcia. Quem não lê e não escreve, da vida pouco desfruta, porém... Leitura: Teoria e Prática, Revista Semestral da Associação de Leitura do Brasil, Porto Alegre, Ano 13, n° 24, Editora Mercado Aberto Ltda, dezembro/1994, p.30. Apud: AYALA, Maria Ignez Novais. No arranco do grito - aspectos da cultura nordestina. São Paulo: Ática, 1988. A entrevista com Severino Feitosa foi feita em Campina Grande (PB), em 18/10/80 (p.105).
9 ALMEIDA, Mauro William Barbosa de. Folhetos (A literatura de cordel no NE brasileiro). São Paulo: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, USP, vol. 1, 1979. (Dissertação de mestrado).
10 LESSA, Orígenes. A Voz dos poetas. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui de Barbosa, 1984, pp. 5-6. Entrevista realizada em 09/10/1954.
11 Idem, p.57. Entrevista realizada em 05/03/1954.
12 SOUSA, Silvana Vieira de. Op. cit. nota 4, p. 66. Entrevista realizada com Sebastiana Andrade (85 anos, agricultora aposentada, analfabeta), em fevereiro de 1995.
13 Idem, p. 38. Entrevista realizada com Luiza Lima (90 anos, analfabeta), em dezembro de 1994.
14 HATA, Luli. Representações de leitura nas capas dos folhetos de cordel. [On line]: link Ensaios, http://www.unicamp.br/iel/memoria.
15 Em 07 de julho de 1999.
16 Em 22 de junho de 1999.
17 Esses nomes são dos coordenadores/professores do Movimento Abrindo Portas.
18 Em 14 e 21 de julho de 1999.
19 Em 18 de agosto de 1999.